Nonato Guedes
A deputada estadual Pollyanna Dutra (PSB), candidata ao Senado na chapa do governador João Azevêdo, que pleiteia a reeleição, admitiu, ontem, em entrevista à rádio Arapuan, seu desconforto com os apoios que têm sido manifestados por alguns expoentes da base oficial a outros candidatos ao Senado, como o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) ou o deputado federal Efraim Filho, do União Brasil. Mas ela ressaltou que, além de estar trabalhando para a reversão desses votos em seu favor, conta com o apoio decidido do governador João Azevêdo e de outras lideranças da Coligação para resolver arestas e promover o “alinhamento” da chapa que ela integra, juntamente com o vice-prefeito de Campina Grande, Lucas Ribeiro, do PP. A deputada, pelo que deu a entender, não está parada esperando que os apoios caiam no seu colo por gravidade, mas, sim, mobilizada para suprir lacunas e assegurar compromissos, na base da persuasão, do convencimento.
Ex-prefeita da cidade de Pombal, terra do economista Celso Furtado, que governou por duas vezes, inclusive, quando estava filiada ao Partido dos Trabalhadores, e amiga do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja candidatura ao Planalto apoia incondicionalmente, Pollyanna está praticamente há apenas 15 dias no papel de candidata do esquema governista paraibana ao Senado. Ela foi convidada pelo governador João Azevêdo na perspectiva de representar as mulheres e o Sertão na chapa, uma vez confirmada a desistência do deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) em permanecer no páreo, preferindo concorrer à reeleição à Câmara dos Deputados. Quando entrou na raia, líderes políticos da base já estavam alinhados com a pré-candidatura do deputado federal Efraim Filho, que rompeu com João Azevêdo e passou a compor chapa com Pedro Cunha Lima, do PSDB, ao Executivo.
Pollyanna tem se esmerado, desde então, em costurar alianças em torno do seu projeto de candidatura na chapa majoritária, fixando-se prioritariamente no campo da esquerda mas sem restringir espaços, tanto assim que já firmou pacto de apoio à candidatura de Mersinho Lucena, filho do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP) a deputado federal, em Pombal. Ao mesmo tempo, tem feito elogios à atuação da senadora Daniella Ribeiro, mãe de Lucas e atualmente filiada ao PSD, dizendo que se sente representada por ela na atual legislatura e que deseja compartilhar das decisões do Senado na legislatura a se instalar em 2023. A deputada socialista tem consciência das dificuldades na batalha ao Senado, inclusive porque alguns concorrentes já estão percorrendo o Estado há mais tempo, ou há mais de um ano, como é o caso de Efraim Filho. Mas avalia que parcelas do eleitorado estavam indefinidas na expectativa da apresentação do nome apoiado pelo governador João Azevêdo, que optou por ela. A partir daí, caiu em campo e defende bandeiras de inclusão social, encampando projetos da Paraíba como um todo. “É o Estado, afinal, que me proponho a representar”, acentuou.
A candidata do PSB ao Senado refuta as insinuações de que tenha sido lançada ao páreo majoritário, estrategicamente, diante da iminente decretação de inelegibilidade do ex-governador Ricardo Coutinho, que concorre ao Senado pelo PT com o apoio declarado do ex-presidente Lula, mas enfrenta demandas que poderão, em breve, rifá-lo da corrida, dependendo do desfecho da batalha travada nos tribunais em Brasília. Pollyanna salienta que não teme concorrer com Ricardo ao Senado, mesmo respeitando a sua trajetória por ter sido governador por dois mandatos. Ela, inclusive, foi aliada de Ricardo e considera que, politicamente, ele se situa no campo de esquerda, mas ressalta que tem sua própria história de lutas, focadas mesmo na defesa dos espaços de atuação da mulher, e que se sente preparada para representar o Estado e agitar suas pautas mais urgentes em Brasília. Desse ponto de vista, não escolhe adversários nem transparece preferências nesse jogo. “Estou centrada no desafio que me foi oferecido”, assegura Pollyanna Dutra.
Particularmente, sua avaliação é de que João Pessoa e Campina Grande, por representarem os maiores colégios eleitorais da Paraíba, continuarão tendo peso decisivo, principalmente, na disputa majoritária. Considera, em relação ao governador João Azevêdo, que ele tem saldo de obras e investimentos a apresentar como reflexo da sua atuação administrativa, tendo se revelado operoso e solidário no enfrentamento à calamidade da covid-19, de modo a não deixar a situação fora de controle e a evitar maiores riscos para a população paraibana. Daí ponderar que o chefe do Executivo merece uma segunda chance à frente do governo paraibano, para fazer avançar ideias que se convertam em programas e ações de impacto para consolidar etapas do desenvolvimento do Estado. Quanto à tentativa de outros líderes da esquerda de tentar monopolizar o apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Paraíba, Pollyanna considera “mesquinhez política”. E argumenta: “Ninguém é dono de Lula”. Espera ser reconhecida pelo alto nível do debate em torno da problemática local e pelo impacto de propostas que tem a apresentar em favor da evolução da Paraíba em todas as esferas.