Nonato Guedes
Embora insista em afirmar que o tema da substituição da candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho (PT) ao Senado não está em pauta dentro do Partido dos Trabalhadores e da Coligação que apoia a candidatura do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) ao governo, o deputado estadual Jeová Campos continua sendo apontado como o nome mais forte para substituir Coutinho em caso de afastamento do páreo. A elegibilidade de Ricardo está sendo questionada na Justiça e já houve manifestações de ministros do Tribunal Superior Eleitoral nessa direção, mas o ex-governador continua interpondo recursos em sua defesa e, com isto, protelando uma definição a respeito. Veneziano e o PT têm prazo até o dia 12 de setembro para definir o candidato a senador, de acordo com o que estabelece a legislação eleitoral.
Além de condenado pelo TSE em novembro de 2020, depois de ter disputado, sob liminar, a prefeitura municipal de João Pessoa, Ricardo Coutinho também teve recurso negado pela ministra Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal, que entendeu em seu despacho ter ele cometido abuso político e econômico na eleição de 2014, além de ter sido condenado pela Corte. O ex-governador foi igualmente impugnado na Paraíba pelo Ministério Público Eleitoral e, por determinação da Justiça, foram suspensos quaisquer repasses de recursos do Fundão para eventos de campanha que ele insiste em realizar. O PT e o candidato estão recorrendo da proibição de uso dos recursos, buscando alternativas como a transferência dos recursos para o suplente Jeová Campos. A suspensão foi determinada pelo juiz eleitoral José Ferreira Ramos Júnior, alegando o fato de Coutinho estar inelegível.
Advogado e professor, natural de São José de Piranhas, Jeová Campos já havia decidido não concorrer à reeleição à Assembleia Legislativa este ano e foi surpreendido com o anúncio da sua convocação para integrar a chapa majoritária, como primeiro suplente de Ricardo na corrida pelo Senado. Aceitou prontamente o convite. Nos últimos dias, o deputado deu declarações rechaçando especulações de que possa vir a assumir a titularidade do posto na hipótese de confirmação da inelegibilidade de Ricardo. “No nosso ambiente político não há espaço para a discussão de uma candidatura que não seja a de Ricardo. Nós não temos, na nossa alça de reflexão, qualquer diálogo que não seja a candidatura dele”, opinou Campos, acentuando que a candidatura do ex-governador tem grande expressão e papel relevante na própria campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República.
Ricardo Coutinho tem participado não somente de eventos políticos em companhia do candidato a governador Veneziano Vital do Rêgo, como de debates até agora promovidos por veículos de comunicação (emissoras de rádio e TV e portais noticiosos), o que provocou reações da parte de concorrentes seus. Num desses debates, o postulante Bruno Roberto, do PL, que integra a chapa de Nilvan Ferreira ao governo, protestou contra a participação de Coutinho, alegando justamente a sua inelegibilidade, o que não foi levado em conta pela produção do programa. O senador Veneziano Vital do Rêgo também veio a público afirmar que está solidário com o candidato Ricardo Coutinho e que não há nenhuma cogitação para substituí-lo, como tem sido especulado pela imprensa.