Nonato Guedes
A primeira pesquisa do Ipec-TV Cabo Branco sobre intenções de voto nas eleições majoritárias deste ano na Paraíba deixou otimista o deputado federal Efraim Filho, do União Brasil, candidato ao Senado, integrando a chapa do deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) ao governo. Efraim despontou em segundo lugar, com 20%, mas em sua propaganda e em entrevistas a emissoras de rádio e TV colocou-se como o primeiro “entre os elegíveis”. Foi uma referência direta ao ex-governador Ricardo Coutinho, candidato pelo PT, que liderou a corrida senatorial com 30% das intenções, mas sabidamente enfrenta processo de inelegibilidade em tribunais superiores, situação que tenta reverter na esfera do Supremo Tribunal Federal. Ricardo compõe a chapa do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que empatou tecnicamente ao governo com Pedro Cunha Lima (PSDB) e Nilvan Ferreira (PL).
Para o deputado Efraim Filho, a posição promissora que conquistou na pesquisa do Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria Ltda reflete, em grande parte, o coroamento do trabalho que tem desenvolvido há pouco mais de um ano, inicialmente como pré-candidato a senador, ainda na base do governador João Azevêdo (PSB), mas na sequência decidindo-se pela aliança com o candidato Pedro Cunha Lima diante de vacilações do chefe do Executivo. A perseverança do parlamentar, de fato, é um traço que chama a atenção dos analistas políticos em geral na campanha de 2022 na Paraíba. Ele massificou o simbolismo do “foguete que não dá ré” para patentear a sua obstinação em ter o apoio popular para se eleger senador, como prolongamento da sua atuação na Câmara dos Deputados onde, segundo acredita, firmou imagem de político que entrega resultados para a população.
A campanha de Efraim tem sido tanto mais valorizada porque, mesmo declarando voto no presidente Jair Bolsonaro, ele não tem o apoio oficial do mandatário, que “fechou” com Bruno Roberto, do PL, lá atrás no levantamento do Ipec, juntamente com o pastor Sérgio Queiroz, que também tem se apresentado como bolsonarista-raiz no Estado e que, ao contrário das especulações, não avançou substancialmente na preferência do eleitorado, apesar da facilidade de exposição e abordagem de temas ligados à realidade paraibana e nacional. Efraim, portanto, não tem a pecha de candidato “chapa branca” nem no plano nacional nem no plano estadual – e, ainda por cima, se declara “ficha limpa” por não contabilizar, em sua trajetória, processos que ponham em xeque a sua probidade na vida pública.
Já se disse, em outra oportunidade, neste espaço, que o candidato do União Brasil ao Senado passa inteiramente ao largo da polarização ideológica que envolve o debate nacional – e, em nível estadual, presta contas da sua própria atuação parlamentar e se compromete com bandeiras de mudança defendidas no palanque pelo candidato a governador Pedro Cunha Lima, que patinou na pesquisa do Ipec com 16%, ainda assim um resultado respeitável dentro das dificuldades com que se move a campanha do postulante tucano. Quanto à inelegibilidade ou não de Ricardo Coutinho, Efraim sempre pontuou que foca na sua campanha independente de adversário político e segue as coordenadas desse radar. Seu estilo é baseado no contato direto com o eleitor, em diferentes municípios e regiões do Estado, de forma incansável, e nos debates com setores produtivos e núcleos do empreendedorismo na Paraíba.
Para os analistas, Efraim Filho agrega elementos como renovação e empatia à sua jornada para conseguir a única vaga que está em jogo ao Senado nas eleições de outubro. Desde quando se obstinou em ser candidato ao Senado, fez um planejamento realista e com humildade que tem levado em conta as variáveis do cenário político, com suas guinadas, oscilações ou reviravoltas que poderiam surpreender profundamente outros postulantes e até desencorajá-los do enfrentamento do desafio. O deputado, por assim dizer, tem conhecido os dois lados da moeda, já que esteve candidato na base governista, ainda que não absorvido oficialmente como tal pelo governador João Azevêdo e, agora, milita no “front” oposicionista, mantendo o tom do compromisso com as causas mais urgentes do Estado e com uma atuação proativa que lhe credencie a outros passos na vida pública. Tem conseguido superar com certa habilidade os obstáculos e contornar os espinhos que ocorrem no meio da trajetória. Já demonstrou que não se porta com amadorismo e que leva a sério a empreitada, mesmo dando combate a pesos-pesados. Até aqui foi recompensado, com o patamar dos 20%. Precisará de esforço redobrado e de estratégias mais ofensivas que lhe potencializem chances de crescimento rumo à vitória na atípica conjuntura que é experimentada no Estado este ano.