Nonato Guedes
Única mulher candidata ao Senado nas eleições deste ano na Paraíba, disputando a única vaga que está em jogo, a deputada estadual Pollyanna Dutra, ex-prefeita da cidade de Pombal, no Sertão, admite ter sofrido atos de violência de gênero e até “fake news” na campanha que empreende mas deixa claro que não pretende se vitimizar e considera-se recompensada por manifestações de desagravo, inclusive por demonstrações explícitas de “sororidade”. Expoente da chapa majoritária encabeçada pelo governador João Azevêdo e um dos últimos nomes a se lançar ao Senado, Pollyanna (PSB) tem agitado temas polêmicos na campanha, em debates, entrevistas ou discursos em eventos políticos. Ela critica abertamente o orçamento secreto e o chamado teto de gastos e prega maior transparência por parte dos representantes do povo, sem descambar, no entanto, para a criminalização da atividade política.
Ainda ontem, falando ao Sistema Correio de Comunicação, Pollyanna expôs com limpidez de raciocínio aspectos da sua trajetória política que remetem à sua militância no Partido dos Trabalhadores e ao seu alinhamento com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência, entendendo que a sua migração para o PSB não a retirou do campo progressista ou de esquerda. Na síntese, as propostas da candidata ao Senado focam a aceleração de políticas públicas que consigam, concretamente, beneficiar milhares de famílias vulneráveis no país, combinadas com metas de inclusão que possibilitem a redistribuição da renda e o fim das desigualdades sociais que persistem no País. Junto com as questões nacionais mais prementes e, segundo ela, não resolvidas, Pollyanna quer contribuir com um segundo governo de João Azevêdo, na perspectiva de evolução de programas de caráter transformador na realidade do Estado.
Em paralelo com a abordagem profunda das questões que estão no radar, desafiando a própria classe política, Pollyanna Dutra defende a bandeira da representatividade feminina nos espaços de decisão política do Brasil e nas instâncias de poder onde são tomadas grandes soluções. Como deputada estadual foi de sua iniciativa a instituição do dia 13 de Março como o Dia Estadual da Participação da Mulher na Política. “Que possamos lutar juntas por mais mulheres nesses espaços e, com voto, direito arduamente lutado e alcançado, possamos continuar buscando fazer a diferença nos espaços em que atuamos”, prognosticou. Pollyanna entrou no páreo substituindo ao deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP), que declinou do interesse em concorrer ao Senado, preferindo apostar fichas na reeleição à Câmara. De acordo com a candidata, Aguinaldo está plenamente engajado à sua campanha, assim como a senadora Daniella Ribeiro (PSD) e o vice-prefeito de Campina Grande, Lucas Ribeiro, que é candidato a vice na chapa de João Azevêdo..
Da mesma forma, assegurou que é sólido o apoio por parte do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP) e do filho dele, Mersinho Lucena, vice-prefeito de Cabedelo, que é candidato à Câmara Federal. Pollyanna Dutra confirmou a ocorrência de incidentes em alguns palanques em cidades do interior, onde líderes municipais apoiam a candidatura do governador João Azevêdo à reeleição mas defendem em praça pública outros nomes ao Senado, como os do ex-governador Ricardo Coutinho (PT) e do deputado federal Efraim Filho. Mas a deputada revela que de sua parte não somatiza esses contratempos nem radicalizar situações, e, ao invés disso procura levar sua mensagem e desfraldar os argumentos que constituem a estrutura de sua campanha ao Senado Federal. Pollyanna também reiterou que não trabalha com a ideia de inelegibilidade de Ricardo Coutinho para, com isto, ter vantagem no páreo. Salientou que está preparada para o debate com Ricardo e que ambos atuaram juntos no chamado campo democrático na Paraíba. Adversários tentaram depreciá-la, chamando-a de “laranja” de Ricardo, em mais um capítulo da orquestração para vulnerá-la no páreo.
Na primeira pesquisa do Instituto Ipec, contratada pela TV Cabo Branco e divulgada no final de agosto, a deputada Pollyanna Dutra despontou com 8% das intenções de voto, superando o candidato Bruno Roberto (PL), que é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. Para os “experts” em pesquisas, o percentual obtido pela candidata apoiada pelo governador João Azevêdo já funcionou como uma espécie de cartão de apresentação dela a segmentos do eleitorado paraibano, sinalizando uma curva promissora nos próximos levantamentos de tendências da opinião pública quanto ao pleito majoritário no Estado. A deputada explica que tem percorrido incansavelmente municípios de diferentes regiões da Paraíba e avalia que a repercussão tem sido positiva para suas pretensões, da mesma forma como há aceitação junto a setores influentes das propostas que ela tem defendido e que passam, inexoravelmente, por uma Paraíba melhor. A performance de Pollyanna começa a ser acompanhada com interesse pelos concorrentes e pela opinião pública em geral, diante dos desdobramentos que pode vir a ter a corrida pela vaga ao Senado na Paraíba em 2022. É uma disputa que, seguramente, está em aberto.