Nonato Guedes
O governador João Azevêdo (PSB) tem menos de um mês para ampliar sua vantagem na disputa pela reeleição ao Executivo estadual, e sua estratégia, além de se pautar pela preocupação em evitar erros fatais ou comprometedores, deve focar na ofensiva para consolidar superioridade com relação aos seus principais oponentes, que se empenham numa cruzada sem trégua para abatê-lo no confronto em andamento. Ele cravou diferença promissora na primeira pesquisa Ipec/TV Cabo Branco, alcançando 32% das intenções de voto, contra 16% atribuídos ao candidato Pedro Cunha Lima, do PSDB, mas deparou com o percentual de 15% do candidato Nilvan Ferreira (PL) e de 14% do candidato Veneziano Vital do Rêgo (MDB). Os números projetaram a possibilidade de segundo turno, havendo expectativa justificada quanto a oscilações entre postulantes que protagonizaram empate técnico na segunda colocação.
Interlocutores do governador João Azevêdo asseguram que ele não se acomodou diante da radiografia apontada pela pesquisa Ipec. Rejubilou-se, é claro, com a avaliação positiva de sua administração, que obteve 37% nos quesitos “ótima” e “boa”, indicando, além do reconhecimento às ações administrativas empreendidas, a oferta de um voto de confiança para a continuidade à frente do poder. Com o percentual de 32% definidos pela sua candidatura, o governador aposta no crescimento. Sabe que os adversários tendem a intensificar o fogo cruzado contra sua gestão e sua pretensão de garantir um segundo mandato, mas acredita dispor dos seus próprios trunfos para anular efeitos do bombardeio e confia em maior empenho e unidade dos que integram a sua coligação e também disputam mandatos eletivos, até por necessidade de sobrevivência deles na conjuntura. A esta altura, João investe na superação de arestas para poder avançar com certa tranquilidade.
A margem favorável apontada na pesquisa Ipec situou-se dentro das expectativas gerais dos que compõem o esquema liderado por João Azevêdo, embora alguns, mais exigentes, acreditem que os percentuais já sejam mais expressivos. Em todo o caso, não se ignora que a disputa pela reeleição é o maior teste da trajetória política que o governador tenta construir na realidade local, em condições de temperatura e pressão absolutamente distintas das que se verificaram há quatro anos, quando ele fez sua estreia na liça. Naquela época, João foi apoiado pelo então governador Ricardo Coutinho, que estava no auge da sua popularidade, ainda protegido pelo véu que encobria escândalos que acabaram resvalando na Operação Calvário. Além de deter aprovação, Ricardo optou por permanecer à frente do governo até o último dia do mandato, renegando a hipótese de se candidatar a uma vaga ao Senado que, em tese, parecia alvissareira para ele. A tática permitiu-lhe contribuir para eleger João, o seu candidato, no primeiro turno.
O cenário é totalmente diferente em 2022 na Paraíba – e, além de Ricardo, João ganhou outro adversário, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que decidiu confrontar a liderança do governador nas urnas, também lançando-se ao Palácio da Redenção. Veneziano procurou ser hábil ao atrair o PT paraibano para uma aliança, oferecendo-lhe as vagas de vice-governador e de senador – com isto, engajou diretamente à sua campanha o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é favorito em várias pesquisas realizadas por institutos diferentes. No contra-ataque, o governador da Paraíba logrou manter-se na base de apoio à candidatura de Lula, sendo bafejado pela indicação do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, seu colega de partido, como vice na chapa do próprio Lula. Ainda que Lula tenha declarado oficialmente apoio a Veneziano, Azevêdo não é um estranho na base de apoio ao líder petista, e faz uso de símbolos que também o associam a Lula.
A nível nacional, sites e portais noticiosos de repercussão incluem a Paraíba entre os Estados onde candidatos lulistas aos governos são favoritos, mencionando, no caso específico, a probabilidade de vitória de João Azevêdo sobre seus oponentes. A partir deste final de semana, o governador-candidato deflagrou a estadualização de caravanas que lhe apoiam em eventos por regiões consideradas essenciais para o triunfo nas urnas, a exemplo da que é polarizada por Campina Grande, onde o esquema oficial está aliançado com os Ribeiro, divididos entre o PP do deputado federal Aguinaldo e o PSD da senadora Daniella. Não é menor o peso da arregimentação em João Pessoa, atraindo líderes influentes como o prefeito e ex-senador Cícero Lucena, que procura retribuir não somente o apoio recebido de João em 2020 como os reflexos positivos da parceria desenvolvida desde que foi alçado ao comando do Paço Municipal mais uma vez. A militância da candidata ao Senado Pollyanna Dutra é valiosa para reforçar a situação do esquema governista nos municípios que compõem o Grande Sertão do Estado. No “staff” de Azevêdo, o ambiente é de otimismo e de confiança, mas não de triunfalismo, segundo revelam fontes credenciadas que acompanham, de dentro, a estratégia de mobilização para a reta decisiva das eleições de 2022.