Nonato Guedes
O deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB, candidato ao governo da Paraíba, tem dito, tanto no Guia Eleitoral como em entrevistas ou mensagens através de suas redes sociais, que se for eleito ao Palácio da Redenção não pretende fazer oposição ao presidente da República, independente de quem seja escolhido pelo eleitorado. Frisa que seu foco principal é o Estado e, desse ponto de vista, está aberto à perspectiva de uma relação institucional, tanto com o presidente Jair Bolsonaro (PL) se for reeleito como com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para encaminhar demandas de interesse da população paraibana e reivindicar soluções. Em termos pessoais, Pedro passou a declarar apoio à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB), que tem como sua vice a senadora Mara Gabrilli, do PSDB, mas sinalizou abertura do seu palanque para outro candidato, o ex-ministro Ciro Gomes, do PDT.
Pedro enfatiza que não ancora a sua candidatura na disputa presidencial, tal como está sendo feito por outros candidatos a governador que buscam nacionalizar suas campanhas a pretexto de se favorecer com uma suposta transferência de votos a nível de Estado. “A razão de ser da nossa candidatura é o Estado. Eu respeito a escolha de cada um, respeito quem vota no presidente Bolsonaro, respeito quem vota em Lula, quem vota em Ciro, quem vota em Simone. Independentemente do presidente eleito, seja qual for a escolha do povo brasileiro, estará aqui um governador que vai ter uma postura de cumprir com a obrigação institucional e ter uma relação de parceria com o governo federal”, explicou. E mais: “Vou respeitar e construir um bom diálogo com o presidente eleito porque este é o melhor caminho para garantirmos os investimentos que façam a diferença na vida dos paraibanos”, expressou Pedro Cunha Lima.
No seu entendimento, o papel de oposição ao futuro governo federal, que se investirá no início de 2023, pode ser desempenhado perfeitamente pelos senadores e deputados, que no âmbito do Congresso votam as matérias e os projetos encaminhados pelo Executivo. Como parlamentar, no mandato que ora empreende, Pedro Cunha Lima tem sido citado como expoente da base governista (de apoio ao presidente Jair Bolsonaro) e é certo que votou favoravelmente a medidas que foram propostas e que, a seu ver, atendiam ao interesse público. Mas Pedro não manteve posição de fidelidade incondicional ao Planalto. Discordou de projetos, criticou problemas em ministérios como o da Educação, cobrou explicações de ministros, demais auxiliares e do próprio chefe da Nação. É reconhecido entre seus pares pela postura independente com que tem caracterizado o mandato, revelando-se mais fiel às suas convicções do que a interesses de quem quer que seja. Pedro alardeia o fato de ter sido considerado pela mídia um dos melhores parlamentares da legislatura que está se encerrando.
No capítulo da sucessão presidencial, o deputado procurou se envolver minimamente nas questões polêmicas que têm permeado grandes debates nacionais. Seguramente, pelo menos, não se enfronhou nem se desgastou na “guerrilha ideológica” travada entre partidários e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Acompanhou a realização de prévias dentro do seu partido para a escolha de um candidato próprio e lamentou o desfecho da disputa entre os ex-governadores João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, que acabaram se retirando do páreo presidencial. A avaliação de Pedro era a de que havia, como ainda há, espaço para a cristalização de uma terceira via no horizonte político-institucional brasileiro, equidistante dos maniqueísmos ideológicos que ganharam força nos últimos anos. Mesmo agora, aposta nas bandeiras de Simone Tebet, que considera qualificada para dirigir os destinos da Nação, como tem demonstrado em debates na TV ou em participações nos eventos de campanha.
Fora daí, o deputado tucano procura chamar a atenção e despertar consciências para um projeto que ele denomina de mudança na estrutura de poder que vigora na Paraíba, com o desmantelamento de “esquemas viciados” e a inserção de novos conceitos de política pública, dos quais seja beneficiária a maioria dos segmentos da população. É este o diálogo que o deputado Pedro Cunha Lima vem tentando sustentar em meio a uma campanha onde enfrenta desigualdades notórias, saindo do que o seu pai, o ex-governador Cássio Cunha Lima, chamava de “rame-rame” da política provinciana para mergulhar em discussões de alto nível, baseadas em análises corretas e em estatísticas indesmentíveis da realidade que o Estado enfrenta. Seu pai, Cássio, foi eleito governador nas duas vezes em que Luiz Inácio Lula da Silva foi ungido presidente da República. E, mesmo pertencendo à oposição, representada pelo PSDB que então polarizou com o PT a eleição presidencial, Cássio não deixou de bater às portas do Planalto para reivindicar em nome da Paraíba. É com a fidelidade a esse estilo ou modus-operandi que o deputado Pedro Cunha Lima procura se pautar na atual campanha, em que figura entre três nomes com chances de irem para o segundo turno num confronto provável com o governador João Azevêdo (PSB).