Nonato Guedes
A ministra Rosa Weber, 73 anos, assume hoje a presidência do Supremo Tribunal Federal para um mandato curto, mas desafiador. Empossada há menos de um mês do primeiro turno, a ministra passa a comandar a Corte em meio a um ambiente de tensões eleitorais por quase todo o país e com a missão de retirar o tribunal do centro do debate político. Discreta e avessa aos holofotes, Rosa Weber optou por uma cerimônia estritamente institucional, que começa às 17h na sede do tribunal em Brasília, com duração de uma hora e meia. A previsão é que a nova presidente do Supremo, que substitui o ministro Luiz Fux, seja a última a discursar. Não haverá coquetel após o evento.
São esperados 1.300 convidados, incluindo o presidente Jair Bolsonaro (PL) e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD). Num aceno de diálogo pós-eleição, Rosa estendeu o convite a todos os presidenciáveis. Mesmo sem proximidade com a classe política, diferentemente de outros colegas da Corte, a expectativa é de que Rosa tenha mais interlocução com os demais Poderes, nos próximos meses, com o resultado das eleições. No início do mês, a ministra recebeu o general Fernando Azevedo e Silva no STF, numa visita de cortesia que sinaliza a possibilidade de construção de uma ponte entre o comando do Supremo com os militares, num momento em que o presidente Jair Bolsonaro ataca a credibilidade do STF e das urnas e as Forças Armadas questionam o Tribunal Superior Eleitoral.
Para integrantes do Supremo entrevistados pelo UOL, Rosa Weber não deverá fugir ao seu estilo discreto após assumir o STF e, por isso, é esperado que a Corte se afaste gradualmente da cena política, evitando embates durante sua gestão, que será mais breve. Rosa Weber atingirá a idade da aposentadoria compulsória em outubro de 2023, quando será obrigada a deixar a Corte. Na quinta-feira, em sua última sessão à frente do Supremo, o ministro Fux disse que “não houve um dia sequer” que o tribunal não tenha sido atacado por suas decisões, mas destacou que Rosa Weber saberá conduzir a Corte com “desassombro e maestria”.