Nonato Guedes
Esperado na Paraíba para cumprir agenda, amanhã, em Campina Grande, o candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, admitiu, ontem, que está se despedindo das eleições ao Palácio do Planalto. O ex-governador do Ceará deixou claro que, se eleito este ano, acabará com a possibilidade de reeleição já para o próximo pleito presidencial, em 2026. “E se eu não for eleito, chega para mim. Estou inteirando 65 anos. Devotei minha vida inteira a este país. Não tenho fortuna, não tenho empresas, abri mão de três aposentadorias, nunca fui processado e às vezes me pergunto se vale a pena ver a população brasileira votando em corruptos porque o sistema está produzindo isso na cabeça do nosso povo. Vale a pena?”.
Para o candidato, uma eventual vitória sua equivaleria a uma “revolução”, já que sua candidatura contraria interesses das elites econômicas e políticas. “Quero ganhar, estou lutando para ganhar e só me darei por vencido às 17h30 do dia dois de outubro”, acrescentou Ciro Gomes. Ainda durante a entrevista, o ex-ministro voltou a criticar a autonomia do Banco Central. Segundo o pedetista, a autonomia técnica conferida à autarquia em fevereiro de 2021 é fruto do que ele classifica como “modelos econômicos e de governança política errados”.
– Neste modelo – explicou – foi dada autonomia ao Banco Central. Ou seja, você pode eleger o presidente do Brasil mas ele não manda mais nas autoridades (presidente e diretores da autarquia) que dizem qual será a taxa de juros do país. As declarações foram feitas à rádio Metrópole, de Salvador (BA). Ciro frisou, ainda, que no Brasil a luta para emancipar o povo morreu. “O negócio agora é anestesiar o sofrimento do povo com política social compensatória”. As suas propostas para um eventual governo preveem mudanças na condução da política econômica, como o fim do teto de gastos e alterações na política de preços da Petrobras.
Ele deverá ser o segundo presidenciável a visitar a Paraíba esta semana (quem já esteve em Campina Grande foi a senadora Simone Tebet, candidata do MDB à Presidência, que foi recepcionada pelo deputado federal Pedro Cunha Lima, candidato ao governo pelo PSDB). Pedro Cunha Lima já revelou que também se dispõe a recepcionar o presidenciável Ciro Gomes e acompanhá-lo no debate que fará sobre propostas para mudanças no país. O candidato do MDB ao governo da Paraíba, senador Veneziano Vital do Rêgo, está alinhado com a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e chegou a ser criticado por Simone Tebet na sua passagem durante declarações à imprensa.