Nonato Guedes
Com a proximidade das eleições, o deputado federal Efraim Filho, do União Brasil, chega à reta final da disputa pelo Senado, na Paraíba, como um candidato competitivo, depois de ter protagonizado uma reviravolta em momento decisivo que poderia ter sido fatal para o projeto acalentado de se eleger à vaga que hoje é ocupada por Nilda Gondim (MDB). O movimento de Efraim, rompendo com o esquema do governador João Azevêdo (PSB) e passando a compor a chapa de oposição encabeçada pelo deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), candidato ao governo, foi considerado temerário ou arriscado até pelos aliados mais próximos. Ele, porém, revelou-se determinado e obstinado em perseguir o sonho de se eleger senador e demonstrou capilaridade no campo conservador, mesmo não tendo o apoio formal do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, que declarou preferência pelo candidato Bruno Roberto, do seu partido.
Além de Bruno Roberto, o pastor Sérgio Queiroz, candidato pelo PRTB, insinuou-se como expoente do bolsonarismo no Estado, compartilhando ideias e bandeiras desfraldadas pelo atual chefe do Governo, ainda que, em casos pontuais, discordasse de conceitos ou juízos por este emitidos. Efraim, que procurou passar ao largo de polêmicas ideológicas, logrou sustentar o apoio de parlamentares e candidatos do Republicanos, mesmo com eles manifestando compromisso com a candidatura do governador João Azevêdo. Na prática, a movimentação do deputado do União Brasil possibilitou que ele angariasse espaços tanto na base oposicionista como no agrupamento governista em nível estadual. O candidato Bruno Roberto envolveu-se em confusões no curso da campanha e o pastor Sérgio Queiroz recorreu a uma linguagem considerada “professoral”, que dificultou a expansão de sua penetração por faixas médias do eleitorado paraibano, apesar do respeito ao seu talento.
A consequência da estratégia posta em prática pelo deputado Efraim Filho foi que ele despontou, já na primeira pesquisa Ipec/TV Cabo Branco, em segundo lugar, com 20% das intenções de voto, superado apenas pelo ex-governador Ricardo Coutinho (PT), que se isolou na liderança com 30% das intenções. A candidatura de Ricardo ao Senado é uma incógnita diante de processos de impugnação agitados contra ele e que já foram preliminarmente confirmados no Tribunal Regional Eleitoral, cabendo recursos, nos quais o petista e sua assessoria investem com denodo. A fotografia da pesquisa Ipec para o Senado na Paraíba espelha uma situação de polarização ideológica entre esquerda e direita de forma mais nítida do que a fotografia da pesquisa sobre candidatos a governador. O fato de Efraim ser competitivo é emblemático da representatividade que ele conquistou no universo de centro-direita no Estado, nas eleições deste ano.
A mensagem do postulante do União Brasil, ainda agora, no Guia Eleitoral, continua centrada na “entrega de resultados” à população, mediante ações parlamentares efetivas e destinação de recursos de emendas individuais para projetos importantes já consolidados na Paraíba. O tom adotado por Efraim desde a largada, há mais de um ano, chegou a irritar candidatos como o pastor Sérgio Queiroz, que criticou políticos que se apresentam como se fossem executores de obras. O deputado Efraim Filho admitiu, informalmente, que, de certa forma, se considera partícipe da governabilidade do Estado, diante dos consensos que criou, como coordenador da bancada federal, para favorecer as mais distintas regiões com obras e investimentos. Efraim acha que tem ficado claro para uma parcela expressiva do eleitorado que ele não se lançou como um “aventureiro” nem por mero interesse em construir currículo, mas pelo desejo de contribuir, efetivamente, com as soluções que o Estado reivindica.
Nesse sentido, identifica-se como um jovem com experiência dentro do Congresso, conhecedor dos caminhos que podem levar à liberação de recursos para projetos de interesse público e ao encaminhamento de demandas, algumas delas urgentes, mas que ficaram travadas por falta de maior empenho de outros representantes do povo naquela Casa ou por causa de dificuldades conjunturais. Ressalta que os mandatos exercidos na Câmara Federal deram-lhe maturidade para o enfrentamento da agenda proativa, vinculada ao desenvolvimento de Estados como a Paraíba, que ainda se debatem de forma desigual para avançar no ranking nacional. Isto deu-lhe, segundo acredita, condições para pleitear o Senado, instituição por onde deverão transcorrer, a partir de 2023, grandes debates que influirão nos destinos do país.
Ele deu partida à pré-campanha com um feito valioso: a promulgação, pelo Executivo, de mecanismos de desoneração de impostos, como estratégia para desafogar setores interessados no empreendedorismo mas, até então, tolhidos pela asfixiante carga tributária. Por essa bandeira se empenhou – e avalia que se saiu vitorioso. Na reta final, Efraim conduz sua campanha sem se preocupar com a inelegibilidade de Ricardo, mas empenhado em consolidar apoios que lhe assegurem avançar em corpos de vantagem nas pesquisas decisivas que antecederão o pleito. Particularmente, ele vive momentos de profunda emoção e promete que, se eleito, vai trabalhar dobrado pela Paraíba para fazer jus à confiança popular.