Nonato Guedes
Uma síntese das falas do comunicador Nilvan Ferreira, candidato do PL ao governo da Paraíba, esta semana, mostra que ele acredita piamente na repetição, a nível local, da polarização eleitoral que ocorre no plano nacional entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em consequência, Nilvan acredita que será beneficiário desse panorama, assegurando vaga num segundo turno contra o governador João Azevêdo (PSB), que se identifica como candidato da “base lulista”. Ele descarta uma eventual passagem do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) para a etapa decisiva, embora o parlamentar seja, oficialmente, o candidato recomendado por Lula no Estado, enquanto Ferreira, oficialmente, é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, não só por defender ostensivamente as suas bandeiras políticas e de governo como por pertencer ao mesmo partido que ele.
Aliás, numa das entrevistas que concedeu, Nilvan Ferreira ressaltou que se considera extremamente prestigiado pelo atual mandatário, que gravou, ao seu lado, participação no Guia Eleitoral, em evento em Brasília que congregou até ex-ministros que disputam mandatos em vários Estados. Da mesma forma como Veneziano exalta que terá o apoio de Lula, caso eleito presidente e ele governador, para implementar projetos relevantes, Nilvan aposta fichas na reeleição de Bolsonaro e garante que, sendo vitorioso, estará fortalecido nas ações administrativas em favor do povo paraibano. Para ele, João Azevêdo não teve interlocução maior com o Planalto porque atacou duramente o presidente Bolsonaro, mas nem por isso o governo federal deixou de repassar recursos para o Estado, inclusive, na fase dramática da pandemia de covid-19. Alega que não foi só no combate à calamidade que Bolsonaro contemplou a Paraíba, mas com outras iniciativas e investimentos cuja paternidade a gestão de João estaria omitindo na sua propaganda.
Nilvan considera que “apesar da receptividade popular” à sua candidatura ao governo enfrenta uma campanha desigual nestas eleições, dizendo que “há um forte rolo compressor” montado para favorecer a reeleição de João Azevêdo ao Palácio da Redenção. Critica o governo estadual pela “lentidão” e “omissão” na tomada de medidas para questões graves como o desemprego e a fome de milhares de famílias, bem como a suposta acomodação de João no incentivo a empresários e agentes do setor produtivo para que invistam nas potencialidades da Paraíba. Desse ponto de vista, avalia que o Estado perdeu tempo e dinheiro, em comparação com outros Estados da própria região Nordeste, cujos governadores foram mais ágeis e eficientes na atração de empreendimentos. Segundo Nilvan, o atual governo paraibano contentou-se com pouco, daí não ter um saldo expressivo a apresentar ao eleitorado para reclamar um novo voto de confiança nas urnas. Em paralelo, o governo teria pesado a mão na cobrança de tributos como o ICMS, afetando investidores atuais e afastando novos investidores.
O candidato bolsonarista ao governo do Estado revela que detém um diagnóstico preciso sobre as causas e consequências da situação de atraso econômico e social que, conforme sustenta, foi experimentado pela Paraíba nas últimas administrações, incluindo a de Ricardo Coutinho (que figura, pelo PT, como candidato ao Senado na chapa de Veneziano Vital do Rêgo). Acusou gestores de serem omissos em momentos decisivos, quando investimentos do interesse da Paraíba acabaram sendo desviados ou carreados para outros Estados. Nessa linha de raciocínio, chama de equivocadas as políticas públicas que têm sido desencadeadas nos últimos anos e promete que, se for eleito, vai partir para a construção de uma nova realidade, mais dinâmica e pujante. Não abrirá mão de soluções emergenciais e é assim que acena com a implantação do Auxílio Paraíba, em valores a serem ainda definidos e que teria o papel social de complementar os valores desembolsados no Auxílio Brasil, bancado até aqui pelo governo de Jair Bolsonaro.
Nilvan Ferreira, que estreou na política em 2020 como candidato a prefeito de João Pessoa pelo MDB, com o apoio do senador José Maranhão (já falecido) e que logrou ir para o segundo turno contra o candidato Cícero Lucena (PP), apoiado pelo governador João Azevêdo, deixou claro que, indo para a rodada decisiva, vai procurar o PSDB e o grupo Cunha Lima, em Campina Grande, para lhe dar apoio, a partir do candidato a governador, deputado federal Pedro Cunha Lima. Disse estar consciente da importância estratégica de Campina Grande nesta eleição e ousa mesmo afirmar que o segundo colégio eleitoral do Estado será decisivo na batalha que está sendo travada. “Se eu for eleito para o Executivo, farei as pazes do governo com a população de Campina Grande, acabando com a segregação imposta pelos últimos governos”, acentuou Nilvan, garantindo, também, que não tratará o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, como inimigo. Seu propósito, aliás, é o de convocar os 223 prefeitos da Paraíba para audiências girando em torno da criação de um “Pacto pela Paraíba” em benefício da sua população.