Nonato Guedes
Houve quem subestimasse o projeto do deputado federal Efraim Filho, do União Brasil, para tentar se eleger ao Senado na única vaga em jogo nas eleições deste ano na Paraíba. Quando ainda integrava a base política do governador João Azevêdo e tornou pública a sua pretensão, Efraim foi “cozinhado” em banho-Maria por líderes influentes do esquema oficial, que duvidavam do seu potencial para levar adiante o projeto e chegaram mesmo a lhe propor uma vaga na vice que seria encabeçada pelo gestor-candidato à reeleição. Os adversários que então se insinuavam ao páreo igualmente desdenharam da viabilidade da pretensão do parlamentar, considerando que ele fazia um movimento aventureiro, supostamente para barganhar vantagem no processo político que então se cristalizava no Estado.
Hoje, com Efraim Filho tecnicamente empatado com o ex-governador Ricardo Coutinho (PT), em plena semana da eleição, como registra o Instituto Ipec na pesquisa contratada pela TV Cabo Branco, perderam eficácia quaisquer prognósticos ou julgamentos agitados acerca da performance eleitoral do filho do ex-senador Efraim Morais, um dos expoentes, inclusive, no plano nacional, do antigo PFL, posteriormente DEM e agora União Brasil, fruto da fusão com o PSL. Efraim tem uma vantagem adicional, mesmo aparecendo na segunda pesquisa Ipec com 25% contra 27% de Ricardo: é que, tal como se apresenta, ele é, de fato, um candidato elegível. Coutinho segue às voltas com uma desgastante batalha nos tribunais, concentrando sua força-tarefa integralmente em Brasília, para reverter a pena de inelegibilidade que o persegue desde que se anunciou postulante ao Senado. A situação é inegavelmente desconfortável para o ex-governador, obrigado, ainda, a se manifestar o tempo todo sobre denúncias de citação ou envolvimento com a Operação Calvário, que desbaratou desvios de recursos vultuosos na Saúde e na Educação na administração estadual.
O primeiro movimento de risco que o deputado Efraim Filho fez foi o seu rompimento com a base do governador João Azevêdo, compondo-se, na sequência, com a chapa de oposição encabeçada pelo deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), que na nova pesquisa Ipec surge polarizando a disputa executiva com João Azevêdo, ainda que por uma diferença de 15%. Pedro, diante das projeções, já se sente praticamente no segundo turno, hipótese que passou a ser admitida com a soma de percentuais de outros dois candidatos oposicionistas ao governo – Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e Nilvan Ferreira (PL). Quanto a Efraim, não dá sinais de esmorecimento. Pelo contrário, cada vez mais arregaça as mangas a fim de conquistar a joia da Coroa – a ultrapassagem sobre o ex-governador Ricardo Coutinho na semana decisiva, já que o turno ao Senado nas urnas esgota-se domingo. “Não tenho dúvidas de que a minha jornada será recompensada pela maioria dos eleitores”, frisou Efraim, que investe no “mandato proativo” na Câmara para se credenciar ao apoio popular.
O “mandato proativo” de que fala Efraim Filho caracteriza-se pela prestação de serviços que beneficiam a população da Paraíba, mediante liberação de verbas de emendas que contribuíram para viabilizar construção de Hospitais, destinação de equipamentos de interesse público, investimentos na Educação e em obras de infraestrutura – isto tudo na sua atuação dentro da Câmara dos Deputados, o que será redobrado, conforme acredita, se estiver no Senado, que concentra maior poder de decisão sobre pautas que compõem a agenda nacional contemporânea. Efraim foi operoso, por exemplo, na luta que empreendeu junto ao governo Bolsonaro para a desoneração de impostos beneficiando inúmeros segmentos produtivos que careciam de incentivos para investir no empreendedorismo. “Sou um parlamentar que entrega resultados, e é de resultados que a Paraíba precisa”, comentou Efraim, eufórico com a receptividade às bandeiras que procura desfraldar na campanha.
O deputado Efraim Filho passou a ser respeitado na conjuntura eleitoral pelo conjunto da sua história na eleição deste ano, misturando atitudes de ousadia ou de coragem com a dedicação ilimitada à caça do voto, no contato a céu aberto com os eleitores de diferentes regiões, permeado pelo debate das reivindicações populares e do compromisso com as demandas suscitadas. Também chamou a atenção pelo fato de que não baseou sua campanha na dependência de fatores externos, como a onipresente ameaça de inelegibilidade do ex-governador Ricardo Coutinho. A sua estratégia foi centrada em se afirmar na disputa majoritária pela conquista de votos em meio ao trabalho de convencimento de eleitores sobre a sua capacidade para entregar os resultados que está prometendo. Os aliados mais próximos afirmam, nos bastidores, que ele está a um passo de conquistar a cadeira. De sua parte, Efraim garantiu que trabalhará até o último minuto para legitimar uma vitória que, como define, é aspiração acalentada já há algum tempo, no bojo das suas próprias análises sobre a realidade política-administrativa paraibana.