Nonato Guedes
Na terceira pesquisa do Ipec, contratada pela TV Cabo Branco, o governador João Azevêdo (PSB) avançou para 37% das intenções de voto na véspera do primeiro turno mas deverá, mesmo, encarar uma segunda rodada, confirmando-se prognóstico que já vinha sendo apontado nos dois outros levantamentos. A terceira pesquisa, realizada entre o final de setembro e o primeiro dia de outubro, abrangendo um universo de 800 entrevistados, cravou empate no segundo lugar, com os candidatos Pedro Cunha Lima (PSDB) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB) despontando, cada um, com 21%, enquanto o candidato Nilvan Ferreira, do PL, fixou-se em 14% e a candidata Adjany Simplício, do PSOL, única mulher no páreo, não pontuou.
Na primeira pesquisa do Ipec (ex-Ibope) sobre a Paraíba, João Azevêdo largou com 32% das intenções de voto, Pedro Cunha Lima tinha 16%, Veneziano 14% e Nilvan 15%. No segundo levantamento, João passou para 35%, Pedro para 20% das menções, Veneziano para 15% e Nilvan caiu para 14%, patamar em que aparece estacionado no momento. A pesquisa Ipec utiliza a margem de erro máxima de três pontos percentuais, para mais ou para menos, sobre o total dos resultados apurados na amostra geral. O nível de confiança utilizado é de 95%, o que significa que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral. O Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria Ltda é o organismo criado por ex-executivos do Ibope Inteligência, que encerrou suas atividades, e realiza, também, pesquisas em nível nacional.
Já no primeiro levantamento foi demonstrado que o governo de João Azevêdo é bem avaliado, o que reforçou a sua posição como líder das pesquisas de intenção de voto. Em 2018, ele foi eleito no primeiro turno, contando com o apoio decisivo do então governador Ricardo Coutinho, com quem rompeu pouco tempo depois de se investir no Executivo. No pleito deste ano, Ricardo tornou-se o grande avalista da candidatura do senador emedebista Veneziano Vital ao governo, depois que ele rompeu com o esquema de João Azevêdo e firmou aliança com o PT local, a quem cedeu as vagas de vice-governador, indicando a professora Maísa Cartaxo, mulher do ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, e de senador, ocupada por Ricardo Coutinho, que chega ao dia do pleito enfrentando ameaça de inelegibilidade decretada pelo Tribunal Regional Eleitoral mas pendente de decisão até terça-feira por tribunais superiores em Brasília. Ricardo resistiu bravamente às tentativas para afastá-lo do páreo, lançando mão de sucessivos recursos e embargos de declaração que, na opinião dos adversários, tinha objetivo meramente protelatório. O ex-presidente Lula, candidato favorito à Presidência da República, deu todo apoio à cruzada de Ricardo, inclusive, gravando vídeos que foram exibidos no Guia Eleitoral.
O governador João Azevêdo acabou escolhendo como candidato a vice na sua chapa à reeleição o vice-prefeito de Campina Grande, Lucas Ribeiro (PP), filho da senadora Daniella Ribeiro (PSD). A manobra foi viabilizada depois que o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP), tio de Lucas, desistiu do projeto de concorrer ao Senado, preferindo candidatar-se à reeleição à Câmara. A demora maior, da parte de João Azevêdo, foi quanto à definição de candidatura a senador, depois que o deputado Efraim Filho, do União Brasil, rompeu com a base governista e lançou-se à vaga na chapa de Pedro Cunha Lima, que faz oposição a Azevêdo. A escolhida acabou sendo a deputada estadual e ex-prefeita de Pombal, Pollyanna Dutra, do PSB, que “explorou” no Guia Eleitoral ligações pessoais e afinidades com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tendo implementado programas de seus governos na terra natal do economista Celso Furtado, fundador da Sudene.
A batalha mais difícil travada pelo atual governador foi, mesmo, para tentar assegurar o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua candidatura no Estado. A queda de braço foi vencida pelo senador Veneziano Vital do Rêgo, do MDB, que marcou Lula sob pressão, contou com o empenho decisivo do ex-governador Ricardo Coutinho e logrou trazer o ex-presidente para um evento de campanha na cidade de Campina Grande, além de utilizar fartamente imagens suas ao lado de Lula e declarações elogiosas do candidato petista. Por estar filiado ao PSB, que indicou o vice de Lula, na pessoa do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, João Azevêdo conseguiu ser admitido na “base lulista”, mas o seu grande cabo eleitoral acabou sendo mesmo o próprio Alckmin, que veio a eventos na Paraíba e ressaltou a importância da reeleição de João no contexto da vitória do ex-presidente Lula. João Azevêdo sempre deixou claro que não lutava por exclusividade de palanque ou de apoio, mas não abria mão de apoiar Lula, diante das suas afinidades com o petista e das suas expectativas em relação a um novo governo dele. Contribuiu para essa opção, também, a posição de independência e mesmo de oposição do governador da Paraíba ao presidente Jair Bolsonaro, cujo candidato no Estado, o comunicador Nilvan Ferreira, não polarizou a disputa nem cresceu substancialmente dentro das suas próprias análises e expectativas.