A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, vai focar o esforço de comunicação no Nordeste do país para tentar diminuir a desvantagem que o candidato teve na região em relação ao concorrente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A coordenação de Bolsonaro vai se empenhar, também, para reverter o desgaste sofrido em virtude dos ataques preconceituosos e xenófobos que foram disparados em redes sociais contra nordestinos por bolsonaristas extremistas. A onda de ataques produziu reações da parte de nordestinos famosos, como a artista paraibana Juliette Freire, vencedora do Big Brother Brasil, ela própria vítima de preconceito quando participou do reality show da Globo. No papel de advogada, Juliette recomendou aos seguidores que acionassem a polícia e a Justiça para medidas cabíveis diante de ataques formulados.
O Nordeste foi responsável pela liderança de Lula no primeiro turno da eleição presidencial. A região deu ao petista 12,9 milhões de votos a mais do que a Jair Bolsonaro. O ex-presidente venceu em todos os Estados nordestinos e a sua coordenação de campanha já está se mobilizando para manter a vantagem e, inclusive, ampliá-la no segundo turno. Considerando o percentual de votos, o Nordeste foi responsável por 10,96 pontos de vantagem de Lula em relação a Bolsonaro. É o dobro da diferença final entre os candidatos – 5,19 pontos. Bolsonaro passou a cortejar aliança com ACM Neto (União Brasil) candidato a governador da Bahia, o maior colégio eleitoral da região com 11,3 milhões de votos. ACM Neto disputa o segundo turno com Jerônimo Rodrigues (PT). No Estado, Lula teve 69,73% dos votos e o presidente ficou com 24,31%.
Além da possível parceria, a comunicação de Bolsonaro pelo rádio, TV e redes sociais pretende levar aos eleitores nordestinos a nova mensagem econômica do presidente. No discurso repaginado, ele reconhece que algumas pessoas tiveram redução na qualidade de vida mas atribui a situação à pandemia de covid-19 e à guerra entre Rússia e Ucrânia. Na sequência, o presidente justifica que foram tomadas medidas como o Auxílio Emergencial e o Auxílio Brasil. Por fim, Bolsonaro argumenta que o governo sempre é responsabilizado mas pede que o eleitor analise a outra opção, no caso Lula, porque “pode ser pior”. Aliado ao novo discurso, Bolsonaro está dando importância máxima a acordos com lideranças regionais. A lógica da estratégia é que a realidade local se impõe à lógica partidária, ou seja, os eleitores reconhecem os candidatos “mais próximos” de sua realidade. Políticos com potencial de convergência estão sendo consultados.