Nonato Guedes
O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), ex-candidato ao governo da Paraíba nas eleições do último domingo, está ouvindo aliados políticos para se definir sobre apoio a candidaturas no segundo turno, mas, segundo versões, a grande influência no seu posicionamento será do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputa o segundo turno ao Planalto com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Ontem, Veneziano reuniu-se com o deputado estadual reeleito Anderson Monteiro, com o prefeito de Pedras de Fogo, Manoel Júnior, e com o ex-prefeito e ex-deputado estadual André Gadelha, de Sousa. Eles informaram que só anunciarão qualquer decisão após ouvir o emedebista.
– Fico feliz com as manifestações de carinho e, acima de tudo, de comprometimento com o projeto coletivo. Assim seguiremos – limitou-se a dizer Veneziano à imprensa, sem adiantar qual o posicionamento que tomará diante das candidaturas do governador João Azevêdo (PSB) e do deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) na rodada decisiva na Paraíba. No primeiro turno, Veneziano foi o candidato oficial do ex-presidente Lula, que gravou mensagens pedindo apoio a ele e participou de um grande evento no Parque do Povo em Campina Grande. Mas o governador João Azevêdo e a ex-candidata ao Senado Pollyanna Dutra, que ficou em segundo lugar na contagem final, manifestaram apoio irrestrito ao ex-presidente Lula, independente da sua preferência por Veneziano.
Veneziano foi aliado de João Azevêdo e sua mulher, Ana Cláudia Vital do Rêgo, ocupou uma secretaria de Articulação Municipal. O “clã”, porém, rompeu com o esquema oficial, com o senador alegando desatenção da parte do chefe do Executivo a pleitos formulados em favor da Paraíba. Na sequência, Veneziano atraiu o apoio do PT paraibano, através do ex-governador Ricardo Coutinho, para uma candidatura sua ao governo e fechou mesmo aliança com os petistas, tendo Ricardo como candidato ao Senado e a professora Maísa Cartaxo, mulher do ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, como candidata a vice-governadora. Veneziano obteve 373.511 votos ao governo, ficando em quarto lugar. Ele lutava por uma vaga por segundo turno mas perdeu para o candidato do PSDB, Pedro Cunha Lima, e também para Nilvan Ferreira, do PL.
Até agora, a única manifestação de Veneziano foi uma carta aos paraibanos, agradecendo a votação recebida, destacando a jornada para tentar se eleger ao governo e reiterando “a necessidade de se eleger Lula presidente como única alternativa, neste segundo turno, para o futuro do nosso Brasil”. O candidato Pedro Cunha Lima se disse aberto a conversas com Veneziano para obter seu apoio, mas, além das divergências no plano político nacional, eles são adversários históricos em Campina Grande, com embates focados na disputa pela prefeitura da Rainha da Borborema. A mulher de Veneziano foi derrotada na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa e o seu aliado Ricardo Coutinho amargou a terceira colocação na disputa ao Senado. O emedebista também perdeu em Campina Grande, seu principal reduto, para Nilvan.
Veneziano é primeiro vice-presidente do Senado Federal e tem mais quatro anos de mandato pela frente naquela Casa do Congresso. Sua mãe, Nilda Gondim, também do MDB, está concluindo o mandato que passou a exercer com a morte do titular, o ex-governador José Maranhão, por complicações da covid-19, e não concorreu à reeleição ou a qualquer outro mandato eletivo. O presidente do diretório estadual do PT, Jackson Macêdo, anunciou que, hoje, o partido deverá se reunir para se posicionar sobre o segundo turno ao governo da Paraíba entre Pedro Cunha Lima e João Azevêdo e antecipou que a meta é ampliar a votação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Estado. Há expectativa quanto ao resultado de uma reunião nas próximas horas em São Paulo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da qual poderão participar o governador da Paraíba, João Azevêdo, e o senador Veneziano Vital do Rêgo.