O economista paraibano Maílson da Nóbrega, que foi ministro da Fazenda no governo do presidente José Sarney, declarou apoio à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) no primeiro turno das eleições presidenciais. Agora, diz ainda não saber qual será seu voto, mas afirma que decidiu não votar em Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista ao UOL, Maílson criticou as ideias de Lula para a economia e concordou com as propostas de Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro. Ainda assim, diz que Lula tem mais condições de governar o país. “Uma das contribuições de Bolsonaro ao ambiente político brasileiro é mostrar que a figura relevante em questões econômicas para o país é o presidente, e não o ministro da Economia”, frisou. Ele admitiu que suas opções são votar nulo ou votar em Lula.
Para Maílson, “até agora o Lula tem umas ideias econômicas muito mal pensadas que são ideias condenáveis e lamentáveis”. Ele não concorda, por exemplo, com a afirmação do ex-presidente de que irá acabar com o teto de gastos do governo. E explicou: “Dizer que não precisa do teto de gastos porque as pessoas sabem que ele foi um presidente responsável é lamentável. Não é assim que funciona, o mundo funciona à base de regras e as regras servem tanto para proteger a sociedade de erros e para proteger o próprio presidente das pressões que podem se tornar irresistíveis”. Ele também afirmou que o Brasil está em uma situação fiscal preocupante por conta das políticas adotadas por Jair Bolsonaro e reafirmou que o teto de gastos pode, inclusive, ajudar a tirar o país de uma situação delicada.
“A reconstrução da âncora fiscal que foi destruída no governo Bolsonaro passará, necessariamente, por algum componente que controle despesas. Pode ter algum outro componente com relação à dívida ativa ou superávit primário, mas o fundamental é sinalizar que o governo tem uma regra de controle de gastos. O Lula precisa rever isso”, acentuou Maílson. Mas, apesar de críticas ao plano econômico de Lula, o ex-ministro classificou como “relevante” a declaração de apoio a Lula feita por economistas como Edmar Bacha, um dos responsáveis pelo Plano Real, Pedro Malan e Armínio Fraga, e afirmou que isso pode, inclusive, ajudar o ex-presidente a conquistar votos de outros candidatos derrotados no primeiro turno.
– Se você considerar que o desafio tanto para Lula quanto para Bolsonaro será conquistar os eleitores de Ciro Gomes e de Simone Tebet é muito importante para quem vai ter essa decisão ouvir nomes como esses. O desafio é conquistar os 7,2% que é a soma dos votos dados a Simone e ao Ciro e, nesse ponto, acho que o Lula está em melhor posição – considerou Maílson.