Nonato Guedes
Hoje é o transcurso do Dia do Nordestino, data que homenageia a cultura e a diversidade folclórica típica da região Nordeste, conhecida pelas belíssimas paisagens naturais, culinária, artesanato, musicalidade e danças que atraem turistas do mundo inteiro, além de se caracterizar, também, por secas cíclicas que provocaram tragédias e histórias de êxodo para metrópoles do sul. O Nordeste tem sido alvo de campanhas preconceituosas e movimentos separatistas, articulados de forma recorrente por grupos xenófobos de regiões do Sul e Sudeste do país. Nos últimos anos, entrou no radar político nacional como “território petista” ou de “esquerda”, tendo proporcionado, no primeiro turno das eleições presidenciais deste ano, significativa maioria para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no embate com o presidente Jair Bolsonaro (PL).
A situação de Bolsonaro tem se agravado eleitoralmente no Nordeste por causa de declarações infelizes que ele tem dado sobre o povo e a região, a pretexto de “fazer piada” com os nordestinos. A mais recente declaração infeliz de Bolsonaro foi a de que os nordestinos votam em Lula porque são analfabetos. Segundo o colunista Josias de Souza, do UOL, a campanha do próprio Bolsonaro ficou preocupada com a repercussão da declaração e considerou que ela foi um “míssil” no pé. Josias acrescenta: “O mais grave é que, quando você fala contra o nordestino, não está falando só para a população que está no Nordeste. Há nordestinos em toda parte. Então, o tiro no pé, o míssil, é expressivo. E o próprio comitê de Bolsonaro é apinhado de nordestinos, como Fábio Faria e Ciro Nogueira. Entre eles, a avaliação foi muito negativa”.
De acordo com o colunista do UOL, o temor é que Bolsonaro receba ainda menos votos no Nordeste do que no primeiro turno, quando Lula já venceu. “Há um receio que o presidente tenha menos votos do que teve no Nordeste. Até acionaram a Michelle Bolsonaro e a ex-ministra Damares Alves para fazer incursão na região nordestina para ver se revertem esse cenário adverso, mas a perspectiva não é boa, o próprio comitê de Bolsonaro reconhece isso”, frisou. Ainda de acordo com o colunista, Bolsonaro tem fugido daquilo que foi combinado com o comitê de campanha. O entendimento era que o segundo turno seria uma oportunidade para Bolsonaro se apresentar mais moderado. “Eles combinaram que o Bolsonaro iria moderar o timbre e, na primeira manifestação, ele até reagiu com uma sobriedade inacreditável. Quem viu achou que estava fora de si. Depois, na live, ele chutou o balde”, comentou o colunista.