Nonato Guedes
No debate promovido ontem à noite pela TV Arapuan, com mediação do jornalista Luís Torres, o governador João Azevêdo (PSB) cobrou um posicionamento mais claro do adversário Pedro Cunha Lima (PSDB) sobre seu voto para presidente da República no segundo turno, justificando que de sua parte está definido com a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que o tucano tem se mostrado “em cima do muro” quando abordado. Mesmo com a cobrança de João, Pedro se manteve irredutível quanto ao sigilo do voto. Salientou: “Eu vou manter uma posição de independência e, seja quem for o eleito, estarei buscando recursos para a Paraíba. O meu lado é o lado da Paraíba”.
O atual chefe do Executivo ressaltou que “tem lado” no processo eleitoral e falou, confiante, sobre parcerias que pode vir a executar, caso reeleito, com um eventual governo do ex-presidente Lula, para viabilizar projetos e empreendimentos de interesse do Estado. Ele explicou que por não estar alinhado com o presidente Jair Bolsonaro, a sua administração tem sido penalizada no encaminhamento de pleitos e na liberação de recursos que são devidos ao Estado da Paraíba, apesar das medidas de ajuste e controle fiscal que seu governo tem tomado e que valeram reconhecimento da Secretaria do Tesouro Nacional.João insinuou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) é o candidato de Pedro Cunha Lima, mas lamentou que o parlamentar não assuma tal preferência. O debate teve momentos de ironia e de acusações entre os postulantes, no confronto direto, que foi a tônica dominante desde o primeiro bloco.
Pedro Cunha Lima demonstrou irritação quando João Azevêdo se referiu, em tom crítico, ao “seu grupo político” e pediu que o debate fosse focado em torno da sua figura e das suas propostas. O tucano voltou a dizer que João havia sido eleito em 2018 com dinheiro desviado da Saúde, referindo-se a delações feitas no âmbito da Operação Calvário, o que provocou imediata resposta do governador. “Eu não fui eleito com dinheiro desviado da Saúde (…) quem conhece bem a Operação Calvário é você…” Em seguida, o governador alertou que Pedro faz-se acompanhar na campanha com pessoas “que representam a velha política” e pediu mais transparência por parte do adversário em respeito à opinião pública. “Tenho uma vida limpa, e na Paraíba acabou o tempo do dinheiro voador de prédio, de cheque distribuído. O seu grupo teve candidato cassado duas vezes, e isto precisa ser discutido, sim”.
No primeiro turno da eleição presidencial, o deputado do PSDB declarou voto na candidata do MDB à Presidência da República, Simone Tebet, que agora, no segundo turno, fez declaração de voto no candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Pedro, também, abriu seu palanque para recepcionar o “presidenciável” Ciro Gomes, do PDT, outro que declarou apoio a Lula na rodada decisiva, mas pausou quanto ao confronto Lula X Bolsonaro, criticando a polarização ideológica que caracteriza o segundo turno. No debate, o candidato do PSDB cobrou mais “velocidade” por parte da administração do governador João Azevêdo, mencionando o fato de que ele ainda está anunciando obras que pretende começar e citando alegadas omissões em setores essenciais da vida pública estadual. Insistiu em que o atual governador já está completando um ciclo “de 12 anos no poder”, tendo sido secretário de Recursos Hídricos na gestão do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB). O governador deu ênfase a obras realizadas e concluídas e disse que o “grupo de Pedro” passou três vezes pelo governo e nunca fez nada do que ele diz.