Nonato Guedes
O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Wilson Filho (Republicanos), admitiu, em entrevista à rádio Arapuan, a possibilidade de ser construído um consenso para a recondução do deputado Adriano Galdino à presidência da Casa na próxima legislatura a ser deflagrada em 2023. Galdino foi reeleito deputado no dia dois de outubro com a maior votação da história recente do Legislativo, obtendo 59.329 votos, tendo concorrido, também, pelo Republicanos. Ele possui uma carreira política de 36 anos e preside a Assembleia pela segunda vez, não descartando a hipótese de um terceiro comando no comando da ALPB. Em princípio, apenas o deputado Tião Gomes tem manifestado interesse em ascender ao posto, mas, conforme Wilson Filho, o consenso em torno de Galdino é viável com a participação direta do governador João Azevêdo (PSB), que é candidato neste segundo turno contra o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB).
“No momento, estamos todos empenhados na ratificação da vitória do governador João Azevêdo, e as lideranças políticas do seu grupo estão se desdobrando nos municípios para concretizar esse projeto. Uma vez vencida essa etapa, a sucessão da Mesa da Assembleia entrará em pauta como uma das prioridades da classe política”, observou Wilson Filho. O líder situacionista destacou a votação expressiva conquistada pelo Republicanos nas eleições à Câmara Federal e Assembleia, bem como frisou a posição de lealdade que o partido continua mantendo no apoio à candidatura do governador João Azevêdo. Para ele, o consenso para a recondução de Adriano pode se estender a todo o colegiado parlamentar, não ficando restrito à bancada governista, dado o trãnsito que ele detém, até pela forma compartilhada com que toma decisões à frente da Casa de Epitácio Pessoa. “O governador João Azevêdo, no momento oportuno, exercerá sua própria influência, respeitando o princípio maior da autonomia do Legislativo”, opinou o líder Wilson Filho.
Em 2019, Adriano Galdino foi eleito para comandar a Assembleia por dois biênios (2019-2020 e 2021-2022). Na eleição para o primeiro biênio havia um acordo firmado com vistas a elegê-lo e que contou com os votos de parlamentares governistas e oposicionistas. Na votação subsequente, o deputado Tião Gomes, que era candidato à presidência contra Hervázio Bezerra, anunciou da tribuna a desistência do pleito e, ato contínuo, lançou a candidatura de Adriano Galdino, colhendo a todos de surpresa. Adriano aceitou o desafio de bater chapa com Hervázio Bezerra, nome da preferência do governo, e na contagem final ganhou por um placar de 23 a 13 votos. Na conjuntura atual, o Republicanos opta pela permanência de Adriano por mais um biênio no comando do Poder, e, ao que consta, teria colocado essa demanda na mesa em entendimentos de bastidores com o governador João Azevêdo.
Na composição da chapa majoritária encabeçada pelo governador João Azevêdo para as eleições deste ano o Republicanos tornou-se um parceiro leal e confiável, empenhando-se ativamente na sua campanha, e correspondendo no percentual de votos nas diferentes regiões do Estado, mesmo sem indicar nomes para a vice-governança ou para o Senado. Houve flexibilidade da parte do governador quanto à posição de deputados do Republicanos que mantiveram o compromisso de apoio à candidatura do deputado Efraim Filho (União Brasil) ao Senado, embora a candidata oficial do esquema fosse a deputada estadual Pollyanna Dutra (PSB), que ficou em segundo lugar. Não havia, da parte do governador, qualquer intenção de constranger políticos da sua base a descumprir pactos celebrados com antecedência, e, até onde se sabe, atitudes divergentes foram contornadas em clima de maturidade e boa convivência. Foi tornado claro, pelo deputado federal Hugo Motta, que projetos expansionistas de poder da legenda estarão concentrados no pleito de 2026, em outra conjuntura política.
A passagem do deputado Adriano Galdino pela presidência da Assembleia Legislativa tornou-se sinônimo de equilíbrio institucional na relação entre os Poderes Executivo e Legislativo. Ele foi um grande artífice da chamada governabilidade, operando no sentido da aprovação de projetos e matérias de interesse do Executivo, em alguns casos com urgência, no período de registro da calamidade provocada pela eclosão da pandemia de covid-19, com reflexos sociais e econômicos na vida do Estado. O reconhecimento do papel valioso do Poder Legislativo tem sido expresso reiteradamente pelo governador João Azevêdo, em entrevistas ou em solenidades públicas, quando também alude ao entrosamento mantido com o Poder Judiciário, nos limites das competências de cada um. Adriano teve seu nome cogitado para compor a chapa de João Azevêdo à reeleição como candidato a vice-governador, mas a articulação para tal não prosperou – e, não obstante, ele continuou alinhado com a liderança do chefe do Executivo. Todo esse histórico pode, de fato, favorecer um consenso para sua recondução, desde que a articulação com os deputados seja naturalmente valorizada nesse contexto.