Nonato Guedes
O consenso nos meios políticos paraibanos é de que o governador João Azevêdo (PSB), candidato à reeleição, mantém “situação estável” na reta finalíssima da corrida eleitoral ao Palácio da Redenção, em vantagem sobre seu oponente, o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB). A expectativa de fatos novos que desestabilizassem a liderança do chefe do Executivo no páreo ruiu por terra no último debate entre os candidatos, que foi promovido pela TV Arapuan. Na oportunidade, Pedro abriu caixa de ferramentas, insinuando denúncias e ataques à administração e ao próprio governador, mas não em proporções comprometedoras para o favoritismo de João. Na ausência de fatos devastadores, os respectivos comitês de campanha duelam no terreno das adesões, que se alternam conforme interesses e peculiaridades em pauta.
Registre-se que Azevêdo não assistiu passivamente à escalada de ataques de Pedro, rebatendo-os com alusões ao “grupo Cunha Lima”, o que incomodou visivelmente o candidato tucano, de que foi exemplo o seu apelo para que a polêmica fosse focada nele, que disputa a eleição deste ano, não se atendo a fatos pretéritos da vida política sobre os quais não tem obrigação de responder. A verdade é que na conjuntura que se desenrola no Estado o deputado Pedro Cunha Lima se esforça para cumprir à altura o seu papel como candidato de oposição e tem feito abordagens pertinentes, mas derrapa no aprofundamento da discussão sobre a realidade administrativa, naturalmente por não ter tido experiência em funções executivas, ficando à mercê de dados e informações mais concretas com que pudesse embasar melhor o sentido das suas palavras ou do seu discurso de renovação da máquina de governo na Paraíba.
No contraponto, João Azevêdo tem aproveitado os debates e suas participações no Guia Eleitoral para demonstrar que tem sido aprovado no teste como administrador, exemplificando não só com o equilíbrio fiscal que a Paraíba experimenta e que é atestado pela própria Secretaria do Tesouro Nacional como pela ação eficiente do seu governo na fase aguda da pandemia de covid-19, evitando o colapso do sistema público de saúde e, em paralelo, agilizando a aquisição de vacinas junto ao próprio governo federal e montando, a nível local, parcerias estratégicas com prefeituras municipais para aceleração no processo de imunização dos grupos sociais. É evidente que houve empenho, também, nessa cruzada, do ministro paraibano Marcelo Queiroga, da Saúde, mas a administração estadual respondeu aos desafios e, com isto, evitou o alastramento da pandemia, com consequências imprevisíveis para a população paraibana.
Aliás, o transcurso da pandemia de covid-19 tem sido invocado pelo governador João Azevêdo como argumento para buscar se credenciar a um voto de confiança para o exercício de mais quatro anos de administração na Paraíba. A alegação é de que o enfrentamento à pandemia concentrou atenções prioritárias do atual governo, como não poderia ser diferente, fazendo com que fossem postergados alguns projetos focados na implantação de empreendimentos ligados à geração de emprego e renda como corolário da proposta de melhoria das condições de vida dos segmentos vulneráveis da sociedade. Investimentos não deixaram de ocorrer, mas de forma pontual, não abrangente, o que talvez tenha motivado o deputado Pedro Cunha Lima a insistir em cobrar “mais velocidade” por parte do governo na execução de programas que são indispensáveis.
O governador é confiante em que pode “deslanchar” mais, e melhor, em um segundo mandato, aliviadas algumas pressões e restrições decorrentes da própria conjuntura econômica nacional e, também, dos desequilíbrios interregionais que persistem e que não foram devidamente equacionados pelo Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal) até pela circunstância dos efeitos da pandemia e, na sequência, dos reflexos de uma campanha eleitoral que envolve desde a Presidência da República a mandatos legislativos nos Estados. Ao insistir no bordão “Melhor com João”, que tem sido difundido na campanha eleitoral, o governador socialista alude a conquistas que já foram alcançadas e, simultaneamente, a avanços maiores que podem ser canalizados, principalmente porque acredita na vitória do seu candidato a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem tem canais de interlocução para encaminhar as demandas da Paraíba que estão represadas e para obter apoios a iniciativas que ficaram congeladas na Era Bolsonaro, marcada pela hostilidade a governadores e pela má vontade em compartilhar ações que pudessem beneficiar os Estados, principalmente os da Região Nordeste.