Nonato Guedes
Projeções apontadas em pesquisas de intenção de voto nas últimas horas sinalizam que na corrida presidencial o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, mantém vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL), mas a diferença no percentual tem se estreitado, o que já está levando analistas políticos da grande mídia a prognosticarem um “terceiro turno”. O colunista do UOL, José Roberto de Toledo, afirma: “A única certeza que tenho é que no melhor cenário haverá um terceiro turno porque, se o Lula ganhar, será por uma margem pequena o suficiente para Bolsonaro contestar o resultado”. Essa análise foi feita em cima do resultado da pesquisa Datafolha divulgada ontem, apontando Luiz Inácio Lula da Silva com 52% das intenções dos votos válidos e Jair Messias Bolsonaro com 48%.
Tal resultado configura situação de empate técnico entre os candidatos, na margem de erro com que trabalham os institutos especializados em pesquisas e amostragem de tendências. Toledo admite que, embora Bolsonaro tenha se aproximado do petista nas pesquisas, Lula segue sendo o favorito para vencer as eleições. Entretanto, advertiu que o ex-presidente deve agir para não permitir a virada do seu adversário. “A virada é possível e Bolsonaro sempre teve possibilidade de vitória. É claro que à medida que ele se aproxima do Lula essa possibilidade aumenta, mas continuo achando que Lula é favorito. A gente está dizendo desde o começo que ia apertar, mas o Lula continua na liderança do páreo”, conclui José Roberto de Toledo. Na mesma linha de raciocínio, outros analistas de expressão da mídia nacional consideram que está “em aberto” a decisão sobre eleição presidencial.
Por via das dúvidas, o ex-presidente Lula está mobilizando massivamente a sua militância para ir votar no dia 30 de outubro, evitando que ocorra abstenção em escala incontrolável, gerando condições para um emparelhamento por parte de Bolsonaro e, na sequência, reversão do cenário aparentemente favorável ao petista. Nota-se, nesta reta finalíssima, que há estratégia massiva do PT e dos apoiadores do ex-presidente Lula de doutrinação e ocupação de espaços nas redes sociais, território onde os bolsonaristas sempre circularam com desenvoltura. A ofensiva inclui participação maior de Lula em videoconferências com diversos segmentos da sociedade, bem como a mobilização ostensiva de influenciadores digitais que são simpatizantes do líder petista na orquestração destinada a desgastar a imagem de Bolsonaro, sobretudo na pauta da moral e dos costumes.
A guerra de informação e contrainformação tem se acentuado na exploração de episódios infelizes em que se envolveu o presidente-candidato à reeleição, mas um fato surpreendente tem sido a capacidade de resistência dos bolsonaristas mesmo diante do fogo cruzado que tem sido sustentado contra ele, procurando incompatibilizá-lo com as famílias e com seguidores de religiões no país. O ex-presidente Lula tem se desdobrado em várias frentes, num esforço para não desperdiçar os espaços que foram construídos até agora e que possibilitaram seu avanço na corrida presidencial. Mas os petistas estão conscientes de que o confronto caminha para o inevitável acirramento, com consequências imprevisíveis, diante da avaliação de que qualquer erro, por mínimo que seja, pode ser fatal para o projeto de retomada do poder no país.