Nonato Guedes
A primeira pesquisa do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Ltda) no segundo turno das eleições para governador da Paraíba, divulgada na noite de ontem pela TV Cabo Branco, a dez dias do pleito, apontou “empate técnico” entre os candidatos João Azevêdo (PSB), que disputa a reeeição, e Pedro Cunha Lima (PSDB). No quesito estimulado, João aparece numericamente à frente na disputa, com 47% das intenções de voto, e Pedro vem em seguida com 42%. O Ipec avalia, porém, que a pesquisa configurou situação de empate técnico, levando-se em conta que a margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Brancos e nulos somaram 7%, num universo de 800 entrevistados entre os dias 18 e 20 de outubro, com nível de confiança estimado em 95% para mais ou para menos. Os entrevistados que não sabem ou que preferem não opinar representam 4%.
Considerando apenas os votos válidos, João Azevêdo desponta com 53% das intenções de voto, enquanto Pedro Cunha Lima figura com 47%. O Ipec informou que é dessa forma que o TSE utiliza a sistemática para divulgar os resultados eleitorais no dia da votação. O Ipec também aferiu as intenções de voto espontâneas – e, nesse sentido, os resultados foram os seguintes: João Azevêdo – 40%, Pedro Cunha Lima – 35%, Outros – 4%, branco ou nulo – 10% e não sabem ou preferem não opinar – 11%. Em face do nível de confiança utilizado ser de 95%, há uma probabilidade de 95% dos resultados retratarem o atual momento eleitoral na Paraíba. Na corrida pela presidência da República, o candidato Jair Bolsonaro (PL) obteve 30% das intenções de voto em nosso Estado, neste segundo turno, contra 64% atribuídos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Lula foi amplamente vitorioso no primeiro turno, tanto na Paraíba como em toda a região Nordeste.
Ainda que o governador João Azevêdo apareça em ligeira vantagem na mais recente pesquisa do Ipec, os dados coletados registram cenário de oscilações nos percentuais dos dois candidatos, o que indica que houve flancos abertos na campanha do governador João Azevêdo e que a exploração desses pontos vulneráveis por parte do candidato Pedro Cunha Lima teve reflexos para reduzir a vantagem até então exibida pelo postulante à reeleição. Na terceira pesquisa do Ipec, realizada entre o final de setembro e o primeiro dia de outubro, apontava que João tinha avançado para 37% das intenções de voto na véspera do primeiro turno, mas que seria inevitável, para ele, encarar a perspectiva do segundo turno. Esse levantamento cravou empate no segundo lugar, com os candidatos Pedro Cunha Lima e Veneziano Vital do Rêgo (MDB), despontando, cada um, com 21%, enquanto o candidato Nilvan Ferreira, do PL, tinha 14%. João largou na primeira pesquisa do ex-Ibope sobre a Paraíba com 32% das intenções, seguido por Pedro, que, então, tinha 16% dos votos.
De lá para cá, confirmou-se a realização do segundo turno, com João Azevêdo alcançando 863.174 votos, o equivalente a 39,65% dos sufrágios, e Pedro Cunha Lima obtendo 520.155 votos, ou seja, 23,90% do total. Nilvan Ferreira, o candidato de Bolsonaro,, ficou em terceiro lugar, com 406.604 votos, Veneziano Vital do Rêgo, que tinha o apoio oficial do ex-presidente Lula, em quarto, com 373.511 votos, e Adjany Simplício, do PSOL, em quinto, com 9.567 votos.No segundo turno, o ex-presidente Lula da Silva migrou para apoiar a candidatura do governador João Azevêdo, que passou a contar, também, com o apoio oficial do PT no Estado, apesar das defecções do ex-governador Ricardo Coutinho e do deputado federal eleito Luiz Couto. Nilvan declarou neutralidade no segundo turno, não apoiando nem Pedro nem João e dizendo-se engajado, apenas, na campanha de Bolsonaro. Veneziano, por sua vez, integrou-se de corpo e alma à campanha de Pedro, embora mantendo o apoio ao ex-presidente Lula. Pedro se declarou neutro na eleição presidencial.
O segundo turno na Paraíba tem sido marcado pela dança das adesões, quer a João Azevêdo, quer ao deputado federal Pedro Cunha Lima, bem como pelo acirramento nos debates que confrontam os dois preferidos para a rodada decisiva. Uma outra característica tem sido a ausência dos “presidenciáveis” do Estado, o que tem sido explicado pela estratégia, tanto de Jair Bolsonaro como de Luiz Inácio Lula da Silva, em privilegiar colégios eleitorais maiores de outras regiões a fim de reduzir diferenças expressivas que poderão ser decisivas no “Dia D”, a 30 de outubro. No primeiro turno, quando apoiava Veneziano, Lula ainda participou de um evento em Campina Grande, no Parque do Povo, organizado pelo candidato emedebista e pelo PT local. Neste segundo turno, veio a Estados vizinhos, no Nordeste, como Pernambuco, mas não à Paraíba. Recebeu o governador João Azevêdo em Recife, onde gravou vídeo de apoio à sua postulação, que tem sido reproduzido no Guia Eleitoral. Pedro ganhou o reforço do senador eleito Efraim Filho, do União Brasil, que concorreu pela sua chapa e o tem acompanhado na peregrinação pelos municípios da Paraíba. Bolsonaro se fez representar em um evento em João Pessoa, focado exclusivamente na sua candidatura, pela sua mulher, Michelle. Lula disparou na Paraíba, no primeiro turno, com 64,21% dos votos, ou seja, 1.555.868 sufrágios, enquanto Bolsonaro teve 717.416, ou seja, 29,62% dos sufrágios.