Nonato Guedes
Marcos Coimbra, sociólogo e diretor do Instituto Vox Populi, avalia que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua como franco favorito para vencer as eleições no segundo turno, no próximo dia 30, enfrentando o presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele ressaltou estar baseado na média das pesquisas presenciais que foram realizadas nesta rodada decisiva. “Tinha dúvidas de que Lula poderia ganhar no primeiro turno, mas sempre tive segurança de que Lula vence no segundo turno”, pontuou Marcos Coimbra, um dos mais respeitados especialistas em marketing e amostragens eleitorais no país, em entrevista à “Revista Forum”. Para ele, o resultado das pesquisas, agora, é mais confiável do que no primeiro turno.
No relatório do agregado feito por ele, levando em conta as pesquisas realizadas no modo presencial, o ex-presidente Lula aparece na frente nos votos totais, com 48,5%, enquanto Bolsonaro tem 43,0%. Brancos, nulos e não sabe representam 8,0%. Já nos votos válidos, Lula desponta com 53,03% e Bolsonaro com 47,0%. De acordo com Coimbra, “nós estamos vendo Bolsonaro, na média das pesquisas presenciais, exatamente no mesmo lugar. A diferença de Lula na média, já incluído o último Datafolha, não chega a ser sequer de um ponto, tanto nos totais quanto nos válidos””. Coimbra explica que, neste segundo turno, não há mais diferença alguma entre as pesquisas feitas no modo presencial ou por telefone e lembrou que nesta última semana saíram seis pesquisas, todas iguais, ou seja, mantendo linearidade nos percentuais que possibilitam chance de vantagem em benefício do ex-presidente e líder petista.
– Ao que tudo indica – prossegue o cientista político – nós estamos vendo Lula manter uma diferença muito parecida com a que ele teve no primeiro turno. Eles estão, a uma semana do pleito, com as mesmas posições que tiveram no primeiro turno. Isso sugere que Lula continua favorito, e com uma margem bem acima da margem de erro, lembrando que ficou mais fácil fazer a pesquisa e que todos os institutos apertaram o parafuso para aumentar a chance de bom desempenho. E o que todas as pesquisas mostram é que o favoritismo do ex-presidente Lula é muito grande, incontestável – analisa o diretor do Vox Populi. Por outro lado, uma reportagem do UOL informa que, com a disputa apertada, na reta finalíssima da campanha, o “staff” do candidato Luiz Inácio Lula da Silva prevê um crescimento de ao menos 10% do total de votos no segundo turno das eleições. No primeiro, Lula alcançou 57,2 milhões de votos, o equivalente a 6,2 milhões a mais do que o presidente Jair Bolsonaro, e a perspectiva de incremento alçaria a base do petista a cerca de 63 milhões de eleitores.
Esse número – avaliam petistas, garante uma vitória apertada, mas sólida do candidato, mesmo com a diminuição da diferença sobre Bolsonaro, apontada por pesquisas. A estratégia, agora, está sendo focada em tirar esses votos dos candidatos derrotados à Presidência da República no primeiro turno e de lugares ou regiões onde o petista já foi bem no primeiro turno – para isso, foram voltadas as viagens do último mês. A campanha espera ter ao menos seis milhões a mais nesta etapa, sem perder votos para Bolsonaro. A conta é fruto de “muito trabalho e um pouco de esperança”, brincam interlocutores. Os candidatos derrotados Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) reuniram, juntos, 8,5 milhões de votos no primeiro turno. Com base em pesquisas internas e de intenção de voto, a campanha petista espera abocanhar cerca de 60% desse eleitorado – uma fatia de 5 milhões de votos, conforme revela o UOL.
No entendimento da campanha, a maioria dos eleitores de Ciro deve migrar para Lula independentemente da apatia do pedetista, ao passo que a maioria do eleitorado de Simone Tebet deverá proceder exatamente do engajamento da senadora neste segundo turno. Ambos declararam voto em Lula, mas Ciro o fez de forma protocolar, seguindo o partido, enquanto a emedebista mergulhou na campanha e tem feito agendas em prol do petista, com ou sem a sua presença. A campanha de Lula tem usado a diferença em votos absolutos para tentar acalmar a militância, cada vez mais aflita com as pesquisas mais recentes. O PT estima que a diferença entre os dois candidatos será de 5 a 6 pontos percentuais, o que garante a Lula uma vitória sólida, porém, sem muita folga. Desde que a vitória em primeiro turno, que tinha alta expectativa, não veio, a campanha tem sentido parte da militância não só abatida como temerosa, como um “trauma” em relação a 2018. Petistas tentam argumentar que neste ano há uma situação “totalmente diferente”: dessa vez, Lula saiu na frente e, como dito, tem possibilidade de crescimento em diferentes Estados. Eles lembram ainda que nunca houve virada do primeiro turno para o segundo. Conforme interlocutores, a redução da vantagem apontada pelas pesquisas não é exatamente uma diminuição, mas um ajuste dos institutos – ou seja, a diferença sempre esteve n casa dos cinco pontos. Por isso, Lula assume tom confiante. “Acho impossível ele (Bolsonaro) tirar a diferença de 6,2 milhões de votos em uma semana”, declarou Lula em entrevista à imprensa no Rio de Janeiro.