Nonato Guedes
A campanha eleitoral em segundo turno para o governo da Paraíba está chegando ao fim e, sobre o desempenho do candidato João Azevêdo (PSB) o que se pode dizer é que o tom do discurso e da comunicação com os eleitores foi focado na continuidade de experiências consideradas positivas para a população com abertura a inovações no campo administrativo, algumas delas sugeridas pelos próprios adversários e que tendem a ser encampadas por serem viáveis, com possibilidade de oxigenar o próprio processo de desenvolvimento do Estado. Ficou evidente, também, da parte do governador-candidato, a necessidade de fortalecer parcerias, tanto com o governo federal como com prefeituras municipais na Paraíba a fim de que projetos e soluções tenham maior agilidade.
Desse ponto de vista, a colaboração oferecida pelos outros candidatos ao governo, com suas concepções diferentes de gestão, pode perfeitamente ser aproveitada por João Azevêdo num segundo mandato, caso o resultado de domingo lhe seja favorável. O seu adversário nesta reta decisiva, deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), tem sido didático nas suas colocações como candidato quando propõe que o Poder Público imprima maior velocidade às ações e dê partida concreta a mecanismos de desburocratização, permitindo que sejam desatadas amarras impeditivas de maior ênfase no empreendedorismo por parte da iniciativa privada. Tem sido pertinente a bandeira empalmada por Pedro para eliminação dos excessos da carga tributária que penalizam, de fato, os setores produtivos interessados em serem sócios de programas de desenvolvimento. Por mais que Azevêdo aponte concessões feitas para aliviar tributos da parte do governo sempre será possível fazer mais dentro de um pacto regido pelo espírito público.
O atual governador tem aludido, como um dos seus feitos, ao equilíbrio fiscal-financeiro que o Estado da Paraíba conseguiu manter nos últimos anos, e esta é uma conquista que não pode ser olvidada nem subestimada. Afinal, a economia em todo o país tem experimentado consequências danosas e atropelas não somente em decorrência de fatores externos, mas, também, de fatores internos que incluem erros de políticas públicas nos investimentos que poderiam ser canalizados de forma mais efetiva. O argumento de que o Estado não deve atrapalhar a marcha da evolução que advém dos grupos sociais proativos deve ser considerado como um “mantra” incorporado à realidade de poder para impulsionar os avanços que os governantes alegam perseguir. Nesse sentido é oportuno o debate que se faz sobre energias renováveis, bem como sobre o papel do governo para aproveitar as águas da transposição do rio São Francisco em projetos de irrigação e outros que criem a perspectiva de geração de emprego e renda para os segmentos carentes.
João Azevêdo procurou demonstrar que a eclosão da pandemia de covid-19 com que deparou-se o seu governo foi um duro teste para mensurar os limites da eficácia da ação do poder público em situações excepcionais ou de calamidade. Isto envolveu tanto a logística para equipar a rede pública de saúde a fim de fazer face aos casos de atendimento e internamento, quanto a montagem mais complexa da estrutura para vacinação em massa e com rapidez quando os imunizantes chegaram ao território paraibano. A avaliação do governador é que, no geral, a Paraíba respondeu à altura aos desafios no enfrentamento da crise sanitária, desdobrando-se para conciliá-los com o incentivo aos setores produtivos dentro das condições de temperatura e pressão dominantes. O resultado é que a Paraíba conseguiu conter a ameaça de incidência de casos mais graves que provocassem um colapso do próprio sistema de saúde pública e fez-se diligente no atendimento a habitantes das mais diversas regiões. Por assim dizer, o esforço neutralizou proporções catastróficas que chegaram a ser temidas no auge da pandemia.
A covid-19 despertou o poder público em todo o país para dois pontos cruciais: a necessidade de valorização dos profissionais da medicina e da enfermagem na rede pública e a urgência de maiores investimentos no sistema público de saúde, para dar vencimento a novas demandas que estão surgindo e que exigem um Estado indutor ou promovedor de soluções, descentralizando responsabilidades e ações proativas. Colateralmente realçou-se a premência de investimentos na Educação e na Segurança Pública, criando-se um mundo novo de soluções para novos problemas que avançaram em meio a outras transformações vivenciadas pela sociedade. Decerto o governador João Azevêdo está atento à cobrança que se tornou maior por mudanças, inclusive, quanto ao tamanho da máquina administrativa. A conjuntura de poder que se desenha a partir de 2023 sinalizará um divisor de águas nas relações institucionais e de gestão pública, com abertura para modelos emergentes que possam viabilizar o que Pedro está sugerindo – a velocidade na mobilização do Estado em todas as esferas.