Nonato Guedes
O governador João Azevêdo (PSB) e o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) voltaram a trocar acusações no debate de ontem à noite promovido pelas TVs Cabo Branco e Paraíba, afiliadas da Rede Globo na Paraíba. Os dois candidatos que disputam o segundo turno da disputa ao governo do Estado, confrontaram ideias e propostas sobre problemas do Estado mas também se enfrentaram no campo pessoal. João Azevêdo chegou a considerar “pífia” a atuação de Pedro como deputado federal e questionou a sua insistência em dizer que abriu mão de vantagens adicionais ao vencimento como parlamentar, além de duvidar da atuação de Pedro em benefício da população paraibana. O deputado tucano fez insinuações de que o governador é citado na Operação Calvário (desvio de recursos públicos da Saúde e Educação na gestão Ricardo Coutinho) e tentou pressionar o chefe do Executivo a confirmar que Ricardo foi o mentor do “esquema criminoso” desbaratado pelo Ministério Público.
Em termos administrativos, Pedro Cunha Lima considerou o governo de João Azevêdo “lento” e insistiu na tese de que, se eleito, vai imprimir velocidade a programas e projetos de repercussão social que, na sua opinião, não tiveram partida nem andamento na atual gestão. Aludiu, ainda, ao fato de que João Azevêdo está praticamente há doze anos no governo por ter participado das gestões de Ricardo Coutinho (PT) como secretário de Infraestrutura e secretário de Recursos Hídricos. O governador refutou insinuações, garantiu que não enfrenta nenhum processo ou condenação, acusou Pedro de propagar “inverdades”, inclusive, quanto a votos proferidos no plenário da Câmara durante a apreciação de matérias importantes. Disse que apesar de ter presidido a Comissão de Educação daquela Casa, o parlamentar tucano não teve atuação proativa mais concreta em prol da Paraíba.
O debate foi realizado nos estúdios da TV Cabo Branco em João Pessoa com formato e dinâmica diferentes, nos moldes do debate que a TV Bandeirantes promoveu com os presidenciáveis Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, possibilitando mais flexibilidade para os candidatos ao governo da Paraíba, que também tiveram liberdade para administrar os respectivos tempos reservados dentro da sistemática adotada. O mediador foi o jornalista Hélter Duarte, apresentador da TV Globo/RJ, que destacou a importância do confronto e até mesmo cogitou a hipótese de que ele fosse decisivo para orientar intenções de voto na reta finalíssima da campanha eleitoral. Enquanto o governador João Azevêdo foi recorrente nas críticas ao “grupo político” de Pedro, referindo-se, principalmente, ao ex-governador Cássio Cunha Lima, que teve seu mandato cassado em 2009, Pedro insistiu em cobrar posições de Azevêdo sobre valores do duodécimo repassado à Assembleia Legislativa, que ele considera elevados. O chefe do Executivo ressaltou que o limite estabelecido foi uma resolução constitucional.
Também voltou à tona, da parte do candidato Pedro Cunha Lima, a discussão sobre o custo da Granja Santana, residência oficial do governador, situada em Miramar, que ele pretende transformar em parque público se for eleito ao Palácio da Redenção. O tucano aludiu a gastos excessivos do governo com a “feira da Granja”, bem como a despesas elevadas da atual gestão com combustível, frota de carros oficiais e outras supostas mordomias. O governador rebateu os pontos principais alegados e, quanto à Granja Santana, advertiu que “atualmente é um ambiente de trabalho”, que também serve para acomodar setores da Segurança Pública do Estado. A respeito das insinuações e acusações formuladas pelo adversário do PSDB, o governador desafiou-o a provar que ele está envolvido em qualquer falcatrua no serviço público estadual. Disponibilizou certidões negativas e foi enfático ao declarar que não participou de nenhum esquema de malversação de recursos públicos.
No campo administrativo propriamente dito, o governador João Azevêdo mencionou resultados da ação administrativa empreendida até agora à frente dos destinos da Paraíba, avaliando que sua gestão possibilitou avanços, tanto no equilíbrio fiscal e financeiro como na execução de obras e na aplicação de investimentos em setores importantes da administração. Fez referência particular ao enfrentamento à covid-19 no Estado, realçando o empenho do governo para a aquisição de vacinas e, ao mesmo tempo, com vistas a equipar a rede pública de Saúde, o que fez com que a Paraíba tivesse um desempenho reconhecido nacionalmente na prevenção e combate à calamidade. O chefe do Executivo aproveitou para ressaltar o trabalho de sua equipe de secretários, auxiliares e colaboradores, considerando que sob sua gestão a Paraíba deu passos importantes na consolidação do seu desenvolvimento e das metas de crescimento econômico e social. Falou, também, da sua experiência em cargos executivos, comparando que o adversário Pedro Cunha Lima se perde em muitas das informações que repassa por não ter essa mesma experiência nem enfrentado adversidades na vida pública do Estado.