Nonato Guedes
A pesquisa do Ipec contratada pela TV Cabo Branco, afiliada da Rede Globo na Paraíba, e divulgada ontem, na véspera do pleito ao governo em segundo turno, apontou o governador João Azevêdo (PSB), candidato à reeleição, com o mesmo índice da primeira pesquisa, ou seja, 53% dos votos válidos, enquanto o seu adversário, deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) conservou o mesmo percentual de 47%. A leitura feita pelo próprio instituto foi a de que os dois permanecem tecnicamente empatados dentro do limite da margem de erro, que é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Em termos concretos, Azevêdo está em situação de vantagem num cenário bastante equilibrado, de disputa apertada. O levantamento foi realizado entre os dias 27 e 29 de outubro, sendo entrevistadas 800 pessoas em 37 municípios.
Os dois lados cantaram vitória desde a veiculação do resultado. Os partidários do candidato Pedro Cunha Lima manifestaram, em redes sociais, a opinião de que ele estaria protagonizando uma virada na campanha, enquanto aliados de João Azevêdo destacaram a manutenção do seu favoritismo. O governador, no primeiro turno, foi vitorioso com 863.174 sufrágios, equivalentes a 39,65% dos votos. Pedro obteve 520.155, ou seja, 23,90% dos votos. Em terceiro lugar ficou o candidato Nilvan Ferreira, do PL, com 18,68%, seguido por Veneziano Vital do Rêgo, do MDB, com 17,16%, correspondendo a 373.511 votos. Única mulher no páreo executivo, a professora Adjany Simplício, do PSOL, obteve 0,44% dos votos, ou 9.57 sufrágios. Para senador, foi vitorioso o deputado federal Efraim Filho, do União Brasil, com 617.477 votos, seguido pela deputada estadual Pollyanna Dutra, do PSB e pelo ex-governador Ricardo Coutinho, do PT, que chegou a liderar o páreo mesmo estando inelegível.
No segundo turno, o senador Veneziano Vital do Rêgo declarou apoio à candidatura do deputado Pedro Cunha Lima, participando ativamente de eventos e da coordenação de estratégias para a conquista de adesões importantes de deputados, prefeitos e líderes políticos. Nilvan Ferreira, porém, declarou neutralidade, queixando-se que o candidato Pedro não assumiu posição de apoio à candidatura do presidente Jair Bosonaro, preferindo ficar neutro. Nilvan anunciou engajamento apenas na campanha do presidente da República. João Azevêdo concorre tendo como vice Lucas Ribeiro, do PP, filho da senadora Daniella Ribeiro (PSD), que estava como vice-prefeito de Campina Grande na gestão de Bruno Cunha Lima. Pedro, que é filho do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), escolheu como vice o empresário Domiciano Cabral, do Cidadania, ex-deputado, com atuação em Bayeux e outras cidades da região metropolitana de João Pessoa.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é favorito na corrida presidencial contra Jair Bolsonaro, teve dois candidatos a governador nos dois turnos da campanha que se encerrou na Paraíba. No primeiro turno, ele declarou apoio ao senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) como retribuição à aliança que este fez com o Partido dos Trabalhadores, que participou da sua chapa indicando candidatos a vice-governador e a senador. No segundo turno, Lula não titubeou em hipotecar apoio a João Azevêdo, que o apoiava mesmo quando o candidato lulista era Veneziano. Além da lealdade demonstrada por João a Lula, pesou no apoio deste em segundo turno o fato do atual governador ser filiado ao PSB, partido do ex-governador Geraldo Alckmin, que é candidato a vice na chapa do líder petista. A direção estadual do PT, seguindo o posicionamento de Lula, engajou-se na campanha de Azevêdo, mas alguns líderes ficaram de fora, demonstrando neutralidade no processo, caso de Ricardo Coutinho.
Lula, que ganhou as eleições em primeiro turno na Paraíba com uma margem expressiva e é igualmente favorito no segundo turno, visitou o Estado apenas uma vez na atual campanha. No primeiro turno, ele foi a Campina Grande para participar de um evento organizado pelo senador Veneziano Vital do Rêgo, agregando lideranças de outras regiões. No segundo turno, mesmo gravando depoimento em favor de João Azevêdo e acenando com parcerias com o governador em caso de reeleição e de eleição sua, o ex-presidente cumpriu agenda em Estados vizinhos, na região Nordeste, mas não veio à Paraíba. João Azevêdo teve que se deslocar a Recife para participar de eventos ao lado do ex-presidente Lula, quando aproveitou, também, para discutir estratégias ligadas ao segundo turno na Paraíba.