O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) sinalizou, ontem, que aceita a derrota para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O presidente da República utilizou o verbo acabar no passado. Ele disse: “acabou”. Portanto, olhar para a frente”, afirmou o magistrado a jornalistas. A declaração foi dada pelo mandatário durante reunião em que também participaram a presidente do tribunal, Rosa Weber, os ministros Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Kassio Nunes Marques e André Mendonça, e o ministro da Economia, Paulo Guedes
Os magistrados haviam declinado de um convite para se encontrarem com o mandatário no Palácio da Alvorada antes de ele reconhecer a derrota para o petista. A reunião ocorreu depois de a Suprema Corte afirmar, em nota, que Bolsonaro “reconhece resultado final das eleições”. Textualmente, frisou o STF: “O Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do Presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios (nas estradas) e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições”. Por meio de seu perfil no Twitter, Gilmar Mendes disse que Bolsonaro reafirmou, durante a reunião, compromisso de respeito à Constituição e aos resultados das urnas. “É o momento de unir e pacificar o país”, escreveu o magistrado.
Em nota, o STF afirmou que os ministros reiteraram, durante a reunião, o teor da nota divulgada. “Tratou-se de uma visita institucional, em ambiente cordial e respeitoso, em que foi destacada por todos a importância da paz e da harmonia para o bem do Brasil”. No discurso em que reconheceu a derrota para Lula no Palácio da Alvorada, mesmo sem ter citado o presidente eleito, Bolsonaro agradeceu aos 58 milhões de votos recebidos e, em seguida, criticou os atos de caminhoneiros que, desde domingo, têm bloqueado estradas em todo o país. “Manifestações pacíficas serão sempre bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e fechamento do direito de ir e vir”, pontuou. Segundo o governante, ele cumprirá todos os mandamentos da Constituição Federal.
– Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da Constituição – disse. Após a breve fala de Bolsonaro, o ministro Ciro Nogueira, da Casa Civil, afirmou que Bolsonaro autorizou o processo de transição de governo.