Nonato Guedes
O senador eleito Efraim Filho, do União Brasil, que está concluindo mandato de deputado federal, assegurou em entrevistas, nas últimas horas, que fará “oposição responsável” tanto ao governo do futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como à administração do governador João Azevêdo (PSB), que foi reeleito no segundo turno no último domingo na Paraíba. Ele explicou que não deixará de colocar o interesse público em primeiro lugar, notadamente as reivindicações da população paraibana, mas lembra que tem posições ideológicas bem definidas, explicitadas na recente campanha eleitoral. Ele se define como um político de centro-direita e compara que tanto o ex-presidente Lula como o governador João Azevêdo estão à esquerda.
– Até por uma questão de coerência, devo me manter no campo da oposição, com independência, sem, com isto, prejudicar as demandas maiores da Paraíba e do país – expressou o deputado Efraim Filho. Nos primeiros momentos após sua eleição, no começo de outubro, ele deixou claro que havia se preparado para alçar voos maiores no cenário político paraibano e nacional e que pretendia levar à frente uma obsessão: a de realizar “o melhor mandato da minha vida”. Nas eleições de 2002, seu pai, Efraim Morais, concorreu ao Senado enfrentando pesos-pesados como os ex-governadores Tarcísio Burity, Wilson Braga e José Maranhão, e foi eleito juntamente com Cássio Cunha Lima (PSDB), seu aliado, que ascendeu ao governo do Estado. No plano nacional, o presidente eleito foi Lula (pela primeira vez), e Efraim Morais, que era expoente do antigo PFL, também fez oposição declarada ao petista.
Efraim teve uma trajetória cambiante no cenário político paraibano em 2022, pois tentou se firmar como candidato a senador pelo esquema do governador João Azevêdo. Não sentiu firmeza, porém, da parte do chefe do Executivo, no apoio à sua pretensão e, como não pretendia recuar, oficializou aliança com o deputado federal Pedro Cunha Lima, filho de Cássio, lançado para governador e que disputou o segundo turno no último domingo contra João. Efraim Filho enfrentou ao Senado nomes como o do ex-governador Ricardo Coutinho (PT), que chegou a liderar pesquisas de intenção de voto, a deputada estadual Pollyanna Dutra (PSB), fortemente apoiada pelo esquema governista, e o pastor Sérgio Queiroz, que concorreu pelo PRTB mas se identificando como representante da direita conservadora. O senador eleito já deixou claro que optou, na campanha, por não apostar na inelegibilidade de Ricardo Coutinho, que era agitada nos meios políticos. “Dediquei-me à tarefa de buscar derrotá-lo no voto, a céu aberto nas urnas, pela vontade do eleitorado paraibano, e isto aconteceu”, comemora hoje o parlamentar do União Brasil.
De acordo com Efraim, Ricardo apostou em uma eventual vitória do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto para brigar por uma liminar na Justiça, caso fosse o candidato a senador mais votado no pleito de dois de outubro. “Não tenho dúvidas de que se Ricardo fosse o mais votado, num cenário de Lula eleito, ele iria brigar por uma liminar na Justiça”, ponderou Efraim Filho, acrescentando que foi por prever todas as hipóteses em pauta que trabalhou arduamente para sair vitorioso no voto. Ele conseguiu manter apoios importantes de deputados federais e estaduais do Republicanos, mesmo com eles apoiando simultaneamente a candidatura do governador João Azevêdo à reeleição. A estratégia utilizada, nesse sentido, foi a de conciliar os palanques, de modo a não confundir o seu próprio eleitorado durante a batalha que foi travada no Estado. Efraim falou da sua luta incansável por municípios de todo o Estado e reitera que foi recompensado por esse esforço.
Ao mesmo tempo, considera que o deputado federal Pedro Cunha Lima foi um vencedor no contexto da disputa eleitoral de 2022, tendo em vista que entrou de última hora na disputa majoritária e acabou sendo consagrado como o candidato mais votado do que João Azevêdo nos colégios mais relevantes do Estado, como João Pessoa e Campina Grande, além de ostentar expressiva votação em municípios do entorno da Grande João Pessoa. Entende que Pedro encarnou uma mensagem de renovação ou de mudança nas práticas administrativas da Paraíba durante a campanha eleitoral e que esse tipo de pregação sensibilizou parcelas consideráveis do eleitorado ou da opinião pública. Pessoalmente, Efraim não aposta muitas fichas no êxito de um governo comandado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e já antecipou que se posicionará contra propostas encaminhadas ao Congresso Nacional que impliquem no aumento da carga tributária. Nesta legislatura, Efraim Filho destacou-se, entre inúmeras atividades, por exercer com competência o cargo de coordenador da bancada federal da Paraíba, harmonizando interesses e a pauta de reivindicações dos parlamentares atuantes em Brasília.