Depois de doze anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta a governar o Brasil e, como chefe do Executivo, desta vez estará acompanhado de sua mais nova esposa, a socióloga Rosângela da Silva, “Janja”, que teve papel de destaque na campanha eleitoral, exercendo um protagonismo que incomodou, muito, políticos petistas próximos a Lula, “enciumados” com o grau de influência e de decisão dela. Um passo importante dado por “Janja” foi o de atrair artistas e personalidades para angariar votos a favor do petista, contribuindo, também, para vencer resistências de alguns setores de elite à volta do líder petista ao Palácio do Planalto. Os dois curtem lua-de-mel até sexta-feira na Bahia, enquanto Lula se prepara para os grandes desafios dos quatro anos vindouros.
A nova primeira-dama deve atuar em projetos voltados para a população feminina. Nas redes sociais, “Janja” deu indícios sobre suas intenções e afirmou que pretende “ressignificar” o conceito de primeira-dama. A atuação política de Rosângela da Silva durante as eleições foi uma amostra do poder de articulação e proximidade com o público jovem e feminino que a primeira-dama possui. Para os próximos quatro anos, Janja já assumiu que não pretende se afastar das pautas em que acredita e tem a intenção de fazer diferente de outras primeiras-damas, mudando a forma como a posição é vista. Ela sinalizou objetivos políticos com o combate à violência contra as mulheres e a fome, além de ter sido uma peça fundamental para aumentar a interlocução entre gerações na corrida eleitoral.
– Vamos trabalhar para eu me tornar essa primeira-dama que vocês esperam – garantiu, em resposta a um seguidor nas redes sociais, ainda antes da vitória no primeiro turno. Em entrevista, o recém-eleito presidente, Lula, assegurou que a esposa terá portas abertas para desempenhar funções que a interessem. Ele revelou que “Janja” tem pensamento próprio e terá a liberdade de pensar o que ela quer fazer para lhe ajudar. O petista ainda contou, em conversa com o rapper Mano Brown, que a amada é “uma pessoa muito politizada, tem uma cabeça política boa e é muito feminista”. De acordo com o cientista político Rodrigo Augusto Prando, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, é esperado que a partir de janeiro de 2023, quando será a posse de Lula, a nova primeira-dama tenha voz ativa no debate político. “Pelo perfil da Janja, a gente entende que ela, provavelmente, terá voz, assim como teve durante a campanha. Isso fica muito claro”, afirmou Prando.
“Janja” deixou claro que não dará chance para que o machismo atribuído ao cargo de primeira-dama apague sua força política. “Temos uma sociedade muito machista e patriarcal e as mulheres vão aos poucos ganhando espaços. E ela (Rosângela)_ vai ganhando espaço naturalmente por conta da sua formação e pela credibilidade, bem como pela relevância que tem como profissional”, acentua Prando. Militante do PT desde a maioridade, “Janja” estreitou laços com Lula quando ele esteve preso na Polícia Federal em Curitiba e ela o visitou frequentemente. Lula e Janja se conheceram no fim de 2017 em um evento que reuniu ativistas, petistas e artistas de esquerda como Chico Buarque de Holanda. Em maio de 2019, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira visitou Lula na prisão e, ao sair, revelou que o ex-presidente estava apaixonado e que seu primeiro projeto ao sair da prisão era se casar. Aos 56 anos, Rosângela é formada pela Universidade Federal do Paraná, com especialização em História e MBA em gestão social e sustentabilidade. Nasceu em 27 de agosto de 1966 em União da Vitória, no Paraná, mas se mudou para Curitiba pouco tempo depois, com apenas dez dias de vida. É filha de um comerciante aposentado e de uma dona de casa. Lula é o segundo casamento da socióloga. Ela não tem filhos e torce para o Flamengo.