A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann, informou a aliados que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva não se envolverá na eleição para presidente da Câmara dos Deputados. Ela participou de uma reunião virtual na terça-feira com líderes de partidos da coligação que apoiou o candidato petista. Se Lula não interceder, a reeleição do presidente Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Câmara fica mais provável.
Em 2015, o governo federal apoiou Arlindo Chinaglia (PT) contra Eduardo Cunha (MDB, na época, hoje no PTB). Cunha ganhou e liderou o impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016, processo que causou traumas dentro do PT e ainda hoje é qualificado de “golpe” pelo próprio presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Na reunião de terça-feira, Gleisi havia pedido indicação dos partidos aliados para o grupo de transição de governo. Lula planeja uma viagem para Brasília, possivelmente na próxima semana. Na capital, visitaria Lira, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Líderes petistas mantêm conversas com Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil e presidente licenciado do PP, e com Lira. O diálogo já existia, principalmente com o presidente da Câmara, mas ficou mais forte depois da eleição. O presidente eleito ficará alguns dias de folga, estando atualmente na Bahia, onde descansa até o fim de semana. Além disso, ele fará uma viagem internacional antes de assumir. O roteiro deve incluir Argentina, Estados Unidos, China e algum país europeu. Ele também recebeu convite para a COP 27 e deverá ir. Lula cultiva sua imagem no exterior, principalmente junto aos partidos de esquerda da Europa e da América Latina. O petista foi eleito presidente da República no domingo, 30 de outubro, pela menor margem de votação desde a redemocratização. Teve só 2,1 milhões de votos a mais que Jair Bolsonaro (PL).