Nonato Guedes
Em declarações ao colunista, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), vice-presidente do Senado Federal e ex-candidato a governador da Paraíba, ressaltou que não cogita nem está sendo cogitado para ocupar ministério no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e explicou que sua colaboração ativa com a futura gestão, no que diz respeito a projetos e metas, ocorrerá no âmbito do Congresso Nacional em articulação com outros expoentes da base de apoio ao líder petista. Ele já havia postado mensagem em rede social exaltando a vitória de Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e considerando que “valeu a pena” a luta diária em defesa da democracia e de um país repacificado e mais justo. Acrescentou: “No Senado, Lula continuará com minha disposição para que o seu governo seja operoso em favor da nossa nação”.
Veneziano, que ficou em quarto lugar na disputa pelo governo do Estado, com 17,16%, correspondendo a 373.511 votos, evitou, por enquanto, se manifestar sobre a realidade política-eleitoral na Paraíba, onde o segundo turno colocou frente à frente o governador João Azevêdo (PSB), vitorioso, e o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB). Disse que só pretende falar depois do pronunciamento de Pedro, que deverá ocorrer nas próximas horas. Pedro convocou uma coletiva de imprensa para as 10h30 de hoje, no auditório do Eco Business Center, em João Pessoa, em Miramar. Na ocasião, ladeado por líderes políticos, fará sua avaliação dos resultados do pleito estadual. No primeiro momento, em cima dos resultados do pleito, o deputado federal tucano limitou-se a publicar mensagem em rede social agradecendo os votos – 47,49%, ou 1.104.963 sufrágios que lhe foram atribuídos. Para Veneziano, foi uma votação expressiva que consolidou posição de liderança da oposição local, representada pela figura de Pedro.
O senador emedebista lamentou a postura adotada, ontem, pelo presidente Jair Bolsonaro, que demorou em reconhecer a sua derrota para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, o que originou convulsão social em várias capitais e cidades, com bloqueio de estradas e paralisação do transporte de veículos, acarretando transtornos à sociedade como um todo. Para ele, faltou “a postura de estadista” a Bolsonaro, mas Veneziano lembrou que “ele nunca teve essa postura e, portanto, foi coerente com o perfil que o caracterizou até agora no exercício da Presidência da República, de tensão e confronto com instituições, poderes e grupos sociais”. Considera que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomará posse para um terceiro mandato sob “perspectivas bastante otimistas”, mencionando a experiência que ele tem, o amadurecimento que demonstrou durante a campanha eleitoral em primeiro e segundo turnos e os apoios valiosos que conseguiu construir para o objetivo de “repacificar” o país. Salientou que há reconhecimento das dificuldades resultantes da herança bolsonarista, mas acredita que o “esforço coletivo” irá possibilitar a reconstrução nacional.
De acordo com Veneziano Vital do Rêgo, mesmo que tenha havido uma ampliação da bancada bolsonarista no Congresso, não há ameaça de “formação hegemônica” do agrupamento alinhado com as forças de direita ou os chamados segmentos radicalmente conservadores. Para ele, há pluralidade dentro do próprio entorno bolsonarista, com parlamentares eleitos ou reeleitos mais preocupados em contribuir para a solução de graves desafios do país do que em fazer valer a continuidade do ambiente de tensão que foi predominante na campanha presidencial. O cenário extremista, conforme dá a entender, tende a se diluir ante o capital político alcançado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para conduzir, efetivamente, reformas e soluções preconizadas, e também como corolário da cobrança da sociedade, “que já esperou demais por resoluções e que está cansada de conflitos”.
O parlamentar mencionou que o MDB coloca-se à disposição do presidente eleito para cooperar com ele e com sua equipe no encaminhamento das propostas que serão colocadas em execução, para o resgate de dívidas históricas contraídas com a população nos últimos anos. “Não identifico sinais de ameaça à governabilidade na gestão do presidente Lula. Pelo contrário, as possibilidades são auspiciosas para todo o Brasil, a partir do manifesto reconhecimento internacional à legitimidade da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem como à sua competência para levar à frente demandas que ficaram represadas”, salientou Veneziano Vital do Rêgo, observando que havia um clamor generalizado por sinais concretos de mudança na conjuntura. Ele concluiu dizendo-se plenamente articulado com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) sobre as pautas do Congresso, principalmente as que se referem a medidas de natureza econômica e social e que, em paralelo, também está atento ao processo de renovação legislativa parcial que vai se operar a partir do exercício de 2023. Pessoalmente, aposta no nível de eficiência dos interlocutores que farão parte do novo diálogo nacional a ser travado a partir da instalação do terceiro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.