Os cinco novos governadores eleitos do Nordeste afirmaram que vão continuar como integrantes do “Consórcio Nordeste” e esperam que ele se fortaleça durante a Presidência do petista Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de janeiro de 2023. Criado em 2019, o Consórcio reúne os governos dos nove Estados da região e se notabilizou durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) pela defesa dos interesses da região, especialmente durante a pandemia de covid-19, quando foram feitas cobranças ao governo federal e expedidas recomendações aos Estados por meio de um Comitê científico.
Também foi na pandemia que a aliança viveu sua maior polêmica, quando investiu R$ 48 milhões para a compra de 300 respiradores, que nunca foram entregues. Os Estados processam a empresa e lutam até hoje para reaver o dinheiro, segundo informa o UOL. A Polícia Federal também investiga o caso para saber se houve irregularidades. Durante estes quatro anos, os Estados fizeram missões internacionais, formaram câmaras temáticas (setoriais) e trocaram experiências bem-sucedidas. “A expectativa, agora com Lula, é a melhor possível”, conta Carlos Gabas, secretário-executivo do Consórcio Nordeste.
Ele acrescenta: “O consórcio é uma ferramenta de gestão que pode atuar complementando as competências e tendo ações integradas como a Sudene, a Codevasf, o Banco do Nordeste. No atual governo, não houve nada disso. Foi sempre trabalhando e boicotando (iniciativas) em todas as áreas, seja em projetos, infraestrutura ou econômica”. Gabas afirma ainda que como arranjo de gestão os consórcios revertem a ideia de competição entre os entes. “A gente tem a cooperação, trabalha-se em conjunto. Assim podemos ter uma série de ações e potencializamos os resultados não para um ou dois Estados, mas para todos. A missão da Europa trouxe resultados fantásticos a todos os Estados”. O atual presidente do Consórcio é o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, do PSB, que segue no mandato até o final de novembro, quando os atuais governadores e os eleitos devem participar de uma assembleia, no Recife, que definirá o novo presidente para o próximo ano.
O secretário executivo Carlos Gabas acentua: “Quando você chega lá fora, você apresenta uma pauta conjunta. A possibilidade de você ser recebido e ouvido em outros países é muito maior quando juntamos o Nordeste. Nós nos tornamos maior (em população) do que a maioria dos países da Europa”. Única governadora eleita sem declarar voto em Lula, Raquel Lyra (PSDB) disse durante a sabatina UOL/Folha que sempre foi adepta da ideia de participação em consórcios e deve manter Pernambuco no time. Ela enfatizou: “Os consórcios são importantes para que se possa fortalecer um Estado com outro, afinal de contas não há Pernambuco forte com a Paraíba fraca. A gente precisa estar junto e permitir que os Estados possam crescer juntos”. Raquel Lyra afirmou, porém, ter visto “equívocos” que precisam ser corrigidos. “Eu não sei identificar os equívocos porque estava cuidando da nossa cidade (Caruaru) com enfrentamento à pandemia. Penso que existem ajustes que podem ser feitos. Fizeram compras e as compras não conseguiram chegar. Eu não sei exatamente o detalhe disso, por isso eu tenho o receio de me pronunciar”. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro fez ataques ao consórcio, falando sobre o caso dos respiradores.