O deputado federal paraibano Julian Lemos (União Brasil), não reeleito em outubro, ex-aliado de Jair Bolsonaro (PL), acusou o presidente da República de bater na primeira-dama Michelle Bolsonaro, depois de ela ter colocado silicone. A confissão foi feita durante entrevista ao podcast “Arretado”, e o parlamentar acrescentou que a relação entre os dois (Bolsonaro e Michelle) seria de “fachada”. Segundo Julian Lemos, “ela não aguenta nem ver ele. Ele deu uns tapas nela, durante as primeiras férias dele, quando ele foi para uma ilha. Ela foi colocar um silicone e ele deu uns tapas nela, dentro de casa. E agora deu outros empurrões de novo”, completou.
As declarações de Julian Lemos ganharam destaque no UOL e em outros portais noticiosos do Sul do país. Segundo o parlamentar, Michelle não esteve com Bolsonaro no primeiro discurso após a derrota dele para o petista Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições deste ano porque “ela está toda marcada”. O UOL acionou a assessoria de imprensa da Presidência da República para obter esclarecimentos por e-mail e aguarda uma versão oficial a respeito. Julian Lemos foi considerado um “coordenador de campanha o Nordeste” pelo presidente Bolsonaro nas eleições de 2018. Sem projeção nos meios políticos paraibanos, ele se elegeu deputado “surfando” na popularidade de Bolsonaro, que na época derrotou Fernando Haddad. Após um ano do mandato presidencial, no entanto, o deputado demonstrava insatisfação com ações de Bolsonaro.
Lemos também teve desentendimentos, em público, com filhos de Bolsonaro, com graves críticas ao comportamento deles. Isto azedou a sua relação com o próprio presidente. O deputado ainda votou favoravelmente a matérias do governo do capitão, justificando que elas atendiam “pautas conservadoras” defendidas pelo seu mandato na Câmara, mas não teve mais interlocução com o Planalto. Chegou a ser um dos entusiastas da candidatura do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, a quem declarou apoio publicamente. Em 2020, Julian Lemos fez diversas denúncias na imprensa contra Eduardo Bolsonaro, filho do presidente. Na ocasião, o congressista afirmou que o deputado utilizou recursos do fundo partidário para dar de entrada na compra de um apartamento.
No ano seguinte, Julian Lemos e Eduardo Bolsonaro voltaram a trocar farpas: ele foi acusado de ser “traidor” e “ladrão de auxílio” e respondeu às acusações afirmando ser vítima da “Gestapo de Eduardo Bolsonaro”. Na Paraíba, Julian Lemos sempre posou de íntimo do “clã” chefiado pelo presidente da República e chegou a defendê-lo quando eclodiram as primeiras críticas a atitudes de Bolsonaro no trato com jornalistas e com representantes de outros segmentos da sociedade. Originalmente eleito pelo PSL, o parlamentar preparou-se para deixar a sigla quando dos rumores de que Bolsonaro pretendia voltar a ela depois de passar uma temporada sem partido. Acabou avaliando como mais seguro ingressar em outra legenda, tendo optado pelo União Brasil, que elegeu o senador Efraim Filho e o deputado federal Damião Feliciano, este recém-migrado dos quadros do PDT aproveitando o período da janela partidária. Lemos não tem definição sobre seu futuro político no Estado.