Nonato Guedes
Convidado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para integrar a equipe de transição do futuro governo federal na área temática de Turismo, o senador paraibano Veneziano Vital do Rêgo (MDB) tem condições plenas de influenciar o encaminhamento de demandas de interesse do Estado, e não apenas na área específica em que opera na atual fase, mas em projetos mais abrangentes de interesse público e de caráter estruturante, redimindo a Paraíba do abandono a que tem sido relegada nos últimos anos. Esta é a expectativa dominante nos círculos políticos locais, a par da visão ampla que Veneziano tem sobre os problemas paraibanos, muitos dos quais agitou na recente campanha eleitoral quando foi candidato a governador. A atuação do senador não conflitará com o empenho do governador João Azevêdo, igualmente prestigiado por Lula.
Ao colunista o parlamentar havia dito que não estava cogitando nem sendo cogitado para ocupar qualquer ministério ou Pasta relevante na gestão de Lula, mas que, independente de cargos ou posições, estava pronto para colaborar com as medidas gerais de reconstrução do país. Convidado para a equipe de transição, afirmou que iria fazer sua parte “com a determinação de sempre”. Esta semana, o parlamentar do MDB esteve reunido com o relator geral do Orçamento para o exercício de 2023, senador Marcelo Castro, do Piauí, em discussão de que participaram, também, os deputados federais André de Paula (Pernambuco), Zeca Dirceu (São Paulo) e Marcelo Freixo (Rio de Janeiro). O debate versou sobre as prioridades orçamentárias na área de Turismo, de acordo com as propostas do Plano de Governo do futuro presidente a partir do ano que vem.
Na campanha eleitoral deste ano na Paraíba, Veneziano recebeu apoio, em primeiro turno, por parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contribuiu para tal declaração a aliança firmada pelo parlamentar emedebista com o PT local, que foi contemplado na chapa majoritária com duas vagas – de vice-governadora, para Maísa Cartaxo, e de senador, para Ricardo Coutinho, todos derrotados. No segundo turno, Lula não teve dificuldades em se compor com a candidatura do governador João Azevêdo (PSB) à reeleição, vitoriosa ante o candidato do PSDB, deputado federal Pedro Cunha Lima, que teve o apoio de Veneziano. O processo de disputa na Paraíba viveu situação atípica, tal como ocorreu em outros Estados, e o ponto em comum entre Veneziano e Azevêdo, que foram aliados no passado, foi justamente a decisão de apoiar o projeto de Lula ao Planalto.
Independente da aliança feita com o PT paraibano, Veneziano já havia construído canais de relacionamento com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, graças à sua firmeza em manifestar-lhe adesão mesmo quando a senadora Simone Tebet lançou-se candidata própria à Presidência pelo MDB. No final das contas, no segundo turno, Simone juntou-se a Veneziano e a outras lideranças emedebistas que “fecharam” com Lula na rodada decisiva para derrotar Jair Bolsonaro (PL). Outro fator que contribuiu para intensificar ou aprofundar o diálogo entre Lula e Veneziano foi a condição deste de primeiro vice-presidente do Senado Federal, com conhecimento e domínio da pauta de projetos legislativos polêmicos em tramitação, alguns enviados pelo governo Bolsonaro sem maior compromisso ou preocupação com os interesses públicos.
Essa interlocução com Veneziano possibilitou ao ex-presidente Lula se aprofundar em temas que restarão para o futuro governo como contencioso inquietante, principalmente pela ausência de recursos para programas, devido à falta de planejamento e à improvisação, marcas características da tumultuada e desastrosa administração de Jair Bolsonaro. Ainda agora o senador Randolfe Rodrigues, Rede-AP, integrante da equipe de transição de governo, disse que a equipe do atual mandatário chegou a cortar cerca de 82% do orçamento da área de desenvolvimento regional para 2023. Randolfe já havia alertado para as dificuldades enfrentadas pela equipe de transição, em virtude dos cortes no orçamento de 2023 feitos pelo atual presidente. Para ele, a população mais vulnerável será a mais atingida pelos cortes, já que afeta áreas como habitação e saneamento básico. Randolfe queixou-se, incisivamente: “O governo Bolsonaro plantou um caos no orçamento para 2023. Precisamos trabalhar para reverter tudo isso”. Veneziano Vital concorda com as observações em gênero, número e grau, e revela que, além de estar atento às demandas particularíssimas da Paraíba, estará com o radar sintonizado na problemática nordestina como um todo para que não sejam sacrificados projetos de interesse desta região que já constavam da agenda do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.