Nonato Guedes
O governador reeleito João Azevêdo (PSB) avançou entendimentos, nas últimas horas, que em tese facilitam a acomodação de partidos da base oficial na Mesa da Assembleia Legislativa pelos próximos dois biênios, a serem instalados na legislatura de 2023. O chefe do Executivo sinalizou que acata a reivindicação do Republicanos, partido presidido pelo deputado federal Hugo Motta, para comandar a Casa de Epitácio Pessoa nos quatro anos vindouros, respeitando a proporcionalidade que confere à agremiação a condição de maior bancada na ALPB. Mas João deixou claro que o seu próprio partido vai buscar espaços em outros cargos do colegiado legislativo. A articulação foi encarada nos meios políticos como vital para a coesão do esquema de forças agrupado em torno da liderança de Azevêdo, que aglutina, ainda, PP e PSD, entre outras siglas.
Na prática, de acordo com versões liberadas para a imprensa, ontem, o deputado estadual Tião Gomes, do PSB, retirou a pré-candidatura a presidente da Assembleia no próximo biênio para apoiar um nome do Republicanos, que pode ser o do deputado Athaydes (Branco) Mendes ou o do líder do governo na Casa de Epitácio Pessoa, Wilson Filho. Já havia sido consensuado que o atual presidente Adriano Galdino deverá ser confirmado no segundo biênio para continuar dirigindo o Legislativo. Caberá ao Republicanos definir até este fim de semana quem será o ungido para o comando da Assembleia no primeiro biênio, descartando-se a ameaça de reviravolta no processo, diante do apaziguamento do deputado Tião Gomes e da inferioridade numérica do bloco de oposição para impor resultado surpreendente.
Na declaração que fez a jornalistas, o governador considerou natural a reivindicação firmada pelo Republicanos, sem deixar de admitir que outros partidos da base também se sintam à vontade para pleitear demais espaços de poder. O prestígio dado ao Republicanos é em reciprocidade ao apoio incondicional externado pela agremiação à candidatura do governador João Azevêdo a um novo mandato, nos dois turnos que ele enfrentou. O deputado federal eleito Murilo Galdino confirmou, ontem, a pactuação, no período da campanha eleitoral, de consensos para que o Republicanos obtivesse compensações à altura por ter sido tolerante na composição da chapa majoritária encabeçada por Azevêdo. A vice, como se sabe, ficou com Lucas Ribeiro, do PP, filho da senadora Daniella Ribeiro, e a vaga ao Senado foi ocupada pela deputada Pollyanna Dutra, do PSB, que ficou em segundo lugar. Nesse particular, o Republicanos manteve compromisso de apoio a Efraim Filho (União Brasil), o eleito, firmado quando este ainda se encontrava na base governista de João.
A estratégia política adotada pelo governador João Azevêdo no chamado pós-eleitoral foi focada no objetivo de evitar dispersão de aliados, a fim de que não houvesse risco à governabilidade que se iniciará a partir do exercício de 2023. Isto implicava em conciliar ou harmonizar pretensões de deputados quanto a cargos na Mesa da Assembleia Legislativa e a espaços na própria administração reeleita. Parlamentares socialistas foram convencidos por João a ceder espaços ao Republicanos, numa operação engenhosa que envolveu muita conversa de bastidores. O resultado é que, face aos avanços obtidos na construção, o Republicanos fechou, ontem, os apoios de 22 deputados para a disputa à presidência da Assembleia Legislativa da Paraíba, logrando conquistar três sufrágios a mais que o mínimo necessário. O governador não escondeu seu alívio com o progresso verificado nas confabulações entre aliados.
Para além das questões pontuais referentes ao comando do Poder Legislativo, o governador atua, também, junto à equipe do presidente da República eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para viabilizar o encaminhamento e solução de projetos e demandas de interesse do Estado, algumas das quais foram tratadas informalmente com o ex-mandatário durante a campanha eleitoral, no segundo turno, quando João ganhou o apoio de Lula e saiu consagrado na disputa com o deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB. O chefe do Executivo tangenciou quando abordado sobre possíveis nomes que são ligados à sua liderança e que têm chances de convocação para integrar um terceiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enfatizou que as discussões não estão sendo colocadas prioritariamente nesse ponto, mas não descartou desdobramentos, inclusive, como consequência natural de diálogos que vêm sendo mantidos com a equipe de transição, chefiada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, que é dos quadros do PSB.