Fontes ligadas ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva informaram que vai ficando mais clara para ele a configuração da equipe do ministério que ascenderá junto com o líder e que poderá contar com Fernando Haddad na Fazenda, José Múcio na Defesa e com o ex-chanceler Mauro Vieira no Itamaraty. No Palácio do Planalto, as principais vagas seriam do PT: o governador da Bahia, Rui Costa, na Casa Civil, e o deputado Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, de volta à articulação política nas Relações Institucionais. A Secretaria-Geral da Presidência poderá ficar com o advogado Marco Aurélio Carvalho.
Integrante do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio também é um possível nome para chefiar a Controladoria Geral da União, embora já tenha defendido para a vaga o advogado Vinícius Marques de Carvalho, ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O deputado Emídio de Souza, muito próximo a Lula, pode ocupar uma vaga no Planalto em cargos como a chefia de gabinete ou a própria Secretaria-Geral da Presidência. O Planalto também deve abrigar um gabinete da futura primeira-dama, Rosângela Silva, a “Janja”. Na Saúde, poderia haver o retorno de ex-ministros como Arthur Chioro ou José Gomes Temporão. A governadora do Ceará, Izolda Cela, é a principal aposta na Educação.
Cotado para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, poderia assumir a Advocacia Geral da União ou a Subchefia de Assuntos Jurídicos no Palácio do Planalto. Ex-SAJ, o procurador Jorge Messias também aparece na cotação para a AGU. Para Direitos Humanos, Sílvio Almeida ficaria com a vaga do PSOL, deixando caminho livre para Márcio França (PSB) em pastas como Cidades ou Transportes. Se a cota do PSOL for de Almeida, o deputado eleito Guilherme Boulos ficaria fora do ministério. De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva indicou a aliados que poderá deixar petistas do núcleo duro do partido fora dos ministérios do novo governo. A justificativa oficial é a de que Lula não quer enfraquecer o PT ao convocar todos os seus expoentes para compor a Esplanada dos Ministérios.
Nesse desenho, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, poderá ficar sem cargo no governo. Deputada federal reeleita pelo Paraná, ela tem mandato à frente do partido até 2024 e não pode acumular funções com a presidência da sigla, segundo o estatuto do PT. A saída de Gleisi do cargo abriria um processo interno de disputa, que demandaria a articulação de Lula para a escolha do novo presidente. Além disso, petistas que participam das discussões na transição lembram que Lula sempre apoiou Gleisi em cargos de destaque, mesmo diante de movimentos contrários a ela no partido e na bancada federal. Outro nome próximo ao presidente eleito que pode ficar sem ministério, mas não sem cargo em Brasília, é o de Aloízio Mercadante. O ex-ministro participou de todas as campanhas de Lula e teve papel de protagonismo na disputa de 2022 como coordenador do plano de governo. Mercadante também esteve ao lado de Lula nas viagens nacionais e internacionais e nas articulações políticas. Ele deve receber a incumbência de uma função influente ao lado do presidente eleito, dentro do Palácio do Planalto.
Vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB) coordena a equipe de trabalho, que conta com nomes como os de Marina Silva, André Janones, Gleisi Hoffmann e o advogado do presidente eleito, Cristiano Zanin. Lula concorreu com uma frente de dez partidos no primeiro turno, ampliada na segunda rodada. O petista também precisou do apoio de diferentes setores da sociedade civil e da classe empresarial para vencer a acirrada disputa contra Jair Bolsonaro (PL). Mais de uma vez, Lula repetiu que seu governo iria “além do PT” e seria composto por quadros que representassem todo o apoio recebido durante as eleições. A promessa tem provocado um difícil xadrez para o presidente eleito, que se vê diante da cobrança por espaço de seu próprio partido. Petistas pedem vagas em 12 a 15 ministérios, em um cenário de 30 a 33 pastas. Nesta conta, consideram que o PSB deve ter dois ministérios e o PCdoB, PSOL, PDT e Cidadania ficariam com uma pasta cada. O PV e a Rede, ainda no cenário traçado pelos petistas, dividiriam um ministério. O MDB, o PSD e o União Brasil também terão assento na Esplanada. No caso do MDB, o partido cobra duas cadeiras, uma indicada pela bancada da Câmara, outra pela do Senado. Se depender do MDB, a senadora Simone Tebet, filiada ao partido e cotada para o Desenvolvimento Social, entraria na “cota pessoal” de Lula. O Republicanos poderá ser contemplado no desenho final da equipe ministerial de Lula.