Nonato Guedes
Ungido pelo Republicanos como seu pré-candidato à presidência da Assembleia Legislativa da Paraíba, o deputado Branco Mendes parte, agora, em busca de apoios para se eleger ao cargo no próximo biênio atraindo outros parlamentares da base governista. Ele venceu a disputa interna que travou com o deputado estadual Wilson Filho, líder do governo na Casa de Epitácio Pessoa e conta com o deputado Adriano Galdino, atual presidente, como um dos grandes articuladores, bem como com a ação do deputado federal Hugo Motta, do Republicanos. As versões, ontem, indicavam que Branco pode vir a contabilizar 30 votos no colegiado de 36 deputados. Galdino foi lançado pelo Republicanos como pré-candidato à presidência da ALPB para o segundo biênio.
Em entrevista à rádio Arapuan, Branco Mendes disse confiar no empenho do governador João Azevêdo (PSB) para convencer outros deputados que ainda não se juntaram à chapa do Republicanos a apoiar o seu nome. O parlamentar considera o aval do governador muito importante para promover a união no Poder Legislativo e salientou que, de sua parte, também se esforçará ativamente para conquistar adesões, faltando praticamente dois meses para a eleição dos novos dirigentes do Poder Legislativo. Branco acredita que a sua experiência legislativa foi fator relevante para a sagração do seu nome no bloco do Republicanos, lembrando que nos sucessivos mandatos que tem exercido já presidiu comissões e ocupou cargos de destaque na Mesa. Em tese, o deputado Wilson Filho acatou a escolha e sinalizou que continua integrado ao grupo.
O presidente estadual do Republicanos, deputado Hugo Motta, deixou claro que o que houve foi uma deliberação consensual no âmbito do Republicanos, não uma definição antecipada do processo, alertando que será preciso respeitar outras postulações eventualmente colocadas e dialogar com deputados que ainda estejam arredios à hipótese de apoiar a candidatura de Branco Mendes. Para ele, a opção do Republicanos por ocupar a presidência da Assembleia nos próximos dois biênios do período legislativo foi tornada pública, de forma transparente, na própria campanha eleitoral que se desenrolou em 2022. A agremiação abriu mão de pleitear ou ocupar postos de candidatura à vice-governança e ao Senado, explicitando que priorizava o comando da Assembleia e uma participação maior na formação do novo governo a ser empalmado por João Azevêdo.
O Republicanos tem se apresentado como uma força política emergente no cenário paraibano, que ficou refletida nas últimas eleições com a vitória de oito deputados estaduais e três deputados federais. Seu projeto de poder é abrangente e envolve, lá na frente, conquista de prefeituras importantes do Estado e representatividade nas eleições majoritárias de 2026, podendo lançar candidatos tanto a governador como a vice-governador e a senador. Esses movimentos do Republicanos têm incomodado outros partidos da base governista, como o próprio PSB do governador João Azevêdo e o PP do vice-governador eleito Lucas Ribeiro e do deputado federal reeleito Aguinaldo Ribeiro. Mas o partido joga dentro das regras conhecidas e é fora de dúvidas que se estruturou para sair fortalecido em 2022, bem como para se credenciar à eleição daqui a quatro anos. É um agrupamento eclético mas que na hora H se une sob a liderança do deputado federal Hugo Motta.
Aliás, ainda ontem, o deputado federal Hugo Motta explicitou que o Republicanos, em nível nacional, tende a agir de forma independente em relação ao governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Segundo ele, a bancada da legenda na Câmara Federal se prepara para apoiar medidas que forem tomadas pelo petista como a manutenção do Auxílio Brasil, bem como a chamada PEC da Transição, que tem sido exposta como prioritária pelo presidente eleito para viabilizar promessas de campanha que se tornaram, agora, projetos do terceiro governo que ele pretende empalmar. “Nós não pretendemos, entretanto, dar um cheque em branco ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que haja uma gastança descontrolada na sua gestão”, advertiu o deputado paraibano, acrescentando que há compromisso do Republicanos com a austeridade fiscal e administrativa. Essas posições apenas reforçam, para a opinião pública, o caráter autonomista que o Republicanos possa imprimir à sua trajetória na conjuntura política nacional e, particularmente, na conjuntura política da Paraíba.