Na primeira entrevista após ser confirmado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva como futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) defendeu o estabelecimento de uma nova regra fiscal em substituição ao teto de gastos, a retomada de acordos internacionais e a reforma tributária como prioridades do início de sua gestão em 2023. “O importante é a gente ter uma agenda para 2023 forte, recuperar os acordos internacionais que estão parados, sobretudo União Europeia, a questão do arcabouço fiscal e da reforma tributária como grandes movimentos nossos”, frisou.
Haddad afirmou que vai começar a definir seus secretários na próxima semana em acordo com o próximo ministro do Planejamento. Em coletiva, ontem, quando anunciou seus cinco primeiros ministros, Lula destacou que o próximo titular do Planejamento terá afinidade com Haddad para que as duas Pastas possam trabalhar em parceria. “Preciso combinar com o ministro do Planejamento para a gente ter uma equipe coesa. Eu não fiz convites formais ainda, mas eu já sondei muita gente”, declarou o ex-prefeito de São Paulo.
Em sua campanha, Lula disse que, se eleito, acabaria com o teto de gastos, principal regra das contas públicas atualmente. O texto da chamada PEC da Transição, aprovada esta semana pelo Senado, também estabelece prazo para o governo enviar a proposta de uma nova âncora fiscal ao Congresso. O futuro ministro da Fazenda também rebateu o rótulo de “gastador” com o qual tem sido associado por setores do mercado. Ele lembrou que durante sua gestão, a prefeitura de São Paulo obteve “grau de investimentos” das agências de classificação de risco, um tipo de selo de boa gestão nas contas públicas. “Olhe para o ‘investment grade’ da prefeitura de São Paulo. Fui o primeiro prefeito a conseguir o grau de investimento no país. Se você não olhar para a trajetória da pessoa, você vai cair em fake news. Pra que mais fake news? A etapa da fake news já acabou”, salientou.
Além de Haddad firam confirmados como futuros ministros Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), Rui Costa (Casa Civil), Mauro Vieira (Relações Internacionais) e José Múcio (Defesa). O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB) anunciou que deseja ter o delegado federal Andrei Augusto Passos Rodrigues como novo diretor-geral da Polícia Federal. Segundo Dino, a decisão levou em conta “a necessidade de restauração da plena autoridade e legalidade dos policiais, bem como a experiência profissional, inclusive na Amazônia brasileira, uma área estratégica para esse governo e para a segurança pública”. O delegado foi o responsável por coordenar a equipe de segurança do presidente eleito Lula durante a campanha. Rodrigues atuou também na segurança da ex-presidente Dilma Rousseff e assumiu a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016.