No discurso durante a cerimônia de diplomação, ontem, no Tribunal Superior Eleitoral, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chorou, citou Deus, elogiou a “coragem do Judiciário” e pontuou que a democracia foi ameaçada no país durante as eleições deste ano. “Os inimigos da democracia lançaram dúvidas sobre as urnas eletrônicas, cuja confiabilidade é reconhecida em todo o mundo. Criaram obstáculos de última hora para que eleitores fossem impedidos de chegar a seus locais de votação, eleitores foram ameaçados com suspensão de benefícios e trabalhadores com o risco de demissão sumária”, frisou. Lula lamentou que o debate político democrático tenha sido contaminado “por mentiras produzidas no submundo das redes sociais”.
– Esse diploma que eu recebi não é um diploma do Lula presidente. É um diploma de uma parcela significativa do povo que reconquistou o direito de viver em democracia neste país. Vocês ganharam este diploma – salientou o presidente. Lula também ressaltou a frente ampla formada com outros partidos em torno de sua candidatura e disse que foi um privilégio ser apoiado por uma frente de 12 partidos no primeiro turno, aos quais se somaram mais dois no segundo turno. De acordo com o petista, o grupo se reuniu contra o autoritarismo. O presidente eleito se emocionou durante o discurso. “Quero pedir desculpas pela emoção. Quem passou o que eu passei nesses últimos anos e estar aqui agora é a certeza que Deus existe. Eu sei o quanto custou, não apenas a mim, mas ao povo brasileiro a espera para reconquistarmos a democracia”, prosseguiu.
Já o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, expressou que a diplomação é o reconhecimento da lisura das eleições. “A diplomação da chapa presidencial eleita – presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vice-presidente Geraldo Alckmin – consiste no reconhecimento da lisura do pleito eleitoral e na legitimidade política conferida soberanamente pela maioria do povo brasileiro por meio do voto direto e secreto”. Moraes agradeceu pelo trabalho de todos aqueles que apoiaram na garantia da transparência e lisura das eleições, bem como para combater com eficiência e celeridade os ataques antidemocráticos ao Estado de Direito e aos membros de todo o Poder Judiciário. Para ele, o uso das redes sociais foi desvirtuada por extremistas.
– A utilização das redes sociais como instrumento democrático de acesso à livre manifestação de pensamento, surgido principalmente nas famosas “primaveras democráticas”, foi desvirtuada por extremistas no intuito de desacreditar as notícias veiculadas pela mídia tradicional – ressaltou Alexandre de Moraes, acrescentando: “Essa diplomação atesta a vitória plena e incontestável da democracia e do Estado de Direito contra os ataques antidemocráticos, contra a desinformação, e contra o discurso de ódio proferido por diversos grupos organizados, que já identificados, garanto, serão integralmente responsabilizados para que isso não retorne nas próximas eleições”. Segundo apurou o UOL, o trecho acima foi incluído de última hora por Moraes em seu discurso. Desde a vitória de Lula no segundo turno das eleições, ações golpistas tentam descredibilizar o resultado das urnas. A cerimônia em Brasília começou com muitos aplausos ao presidente do TSE, Alexandre de Moraes. Havia a presença apenas de autoridades e de petistas.