Nonato Guedes
Eleito por aclamação, ontem, novo líder do Republicanos na Câmara Federal, o deputado paraibano Hugo Motta Wanderley da Nóbrega falou dos desafios que serão enfrentados em 2023, com a ascensão do novo governo chefiado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da sua responsabilidade em mediar “posicionamentos” que serão tomados pela bancada, referentes a temas polêmicos da conjuntura nacional. Em declarações que já havia feito à imprensa paraibana, Hugo Motta sinalizou por uma linha de independência no plano nacional, acostando-se à aprovação de matérias de indiscutível interesse público mas agindo com liberdade em outras propostas consideradas controversas.
Na campanha eleitoral de 2022, o Republicanos, em si, dividiu-se quanto a preferências para a eleição presidencial, com adeptos declarados do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Hugo Motta ressaltou que vai trabalhar intensamente, ouvindo as demandas da sua bancada e, ao mesmo tempo, dialogando para buscar soluções dos problemas que o Congresso Nacional precisa enfrentar para transformar o Brasil em um país melhor. Ele foi eleito líder pela segunda vez (a primeira ocorreu em 2021) e a escolha foi comandada pelo presidente nacional, deputado Marcos Pereira (SP), em clima de unanimidade. A legenda passará a ter uma representação de 41 deputados federais.
Hugo Motta foi reeleito para o quarto mandato de deputado federal nas eleições de 2022, sendo o mais votado do Estado com 158.171 votos. Ele é considerado um líder político emergente na realidade paraibana, desde que passou a presidir o diretório estadual do Republicanos e a investir fortemente na expansão dos seus quadros. No Estado, o partido que Motta dirige funcionou como uma espécie de “fiel da balança” nas eleições majoritárias deste ano, contribuindo para a reeleição do governador João Azevêdo (PSB) e, ao mesmo tempo, para a vitória do candidato ao Senado, Efraim Filho, do União Brasil, que rompeu com João e se aliou ao PSDB na disputa pelo governo. No que diz respeito às suas próprias pretensões, o Republicanos elegeu oito deputados estaduais e três federais, devendo comandar a presidência da Assembleia Legislativa pelos próximos dois biênios, segundo tem sido acertado nos bastidores políticos.
Hugo Motta analisa o contexto político de 2023 e reitera que a união da bancada partidária será decisiva. “Teremos grandes desafios. Precisaremos nos readequar e decidir o nosso comportamento diante das matérias relevantes e do governo que se inicia a partir do dia primeiro de janeiro. Quem vai decidir o nosso posicionamento não é o líder, é a bancada”, expressou, repetindo uma das características do seu estilo que é a de agir de forma compartilhada ou democrática, sem imposições. Ele terá como colegas na Câmara Federal, pela Paraíba, Murilo Galdino, recém-eleito, e Wilson Santiago, que foi reeleito. O presidente Marcos Pereira observou que a função de líder implica, muitas vezes, em renunciar às próprias necessidades para priorizar as dos demais. “A maioria dos parlamentares almeja o cargo, mas, infelizmente, nem todos têm o perfil desejado porque ser líder é servir aos liderados, muitas das vezes em detrimento dos próprios interesses”, alegou o presidente Marcos Pereira.
Já para Hugo Motta, o líder “nada mais é que o deputado com a atribuição de organizar a bancada e, quando necessário, usar a influência da liderança em favor dos mandatos individuais dos integrantes da bancada”. Explicou: “O líder deve buscar espaço para os liderados protagonizarem relatorias de matérias importantes, atuarem nas comissões temáticas, buscarem orçamentos para seus Estados, além de defender o partido nas negociações que são semanalmente tratadas na presidência da Casa ou junto ao governo”. Motta ressaltou ainda o apoio da liderança no crescimento contínuo do partido, projeto liderado pela atual direção do Republicanos. “Não tenho dúvidas de que o papel da liderança está diretamente ligado a esse sucesso porque contribuir com o atendimento à base de cada parlamentar é contribuir para que cada um de nós corresponda à confiança que nos foi depositada pelos eleitores”. O parlamentar paraibano substituirá no cargo ao deputado Vinícius Carvalho, que se colocou à disposição para continuar a fazer o partido crescer. Nos meios políticos da Paraíba, o nome do deputado Hugo Motta é cogitado para compor chapa majoritária em 2026, ora sendo lembrado como alternativa para concorrer ao Senado, ora sendo mencionado como nome qualificado para concorrer ao próprio governo do Estado, mercê da sua experiência legislativa e da sua trajetória política que é elogiada até por adversários no contexto local.