Nonato Guedes
Ao ser diplomado, ontem, pelo Tribunal Regional Eleitoral, para o segundo mandato consecutivo no Executivo estadual, o governador João Azevêdo (PSB) conclamou a união de todos os eleitos e diplomados, independente de convicções políticas ou partidárias, em prol do desenvolvimento da Paraíba. Ele afirmou que a Paraíba “precisa ser uma só”, pautada pela harmonia entre o Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público, imprensa e sociedade. “Na condição de governador, responsável pela Paraíba, conclamo as senhoras e senhores parlamentares a não deixarmos esmorecer os sonhos que nos impulsionaram até aqui”. A cerimônia no Teatro A Pedra do Reino foi bastante concorrida, sob a presidência da desembargadora Fátima Bezerra Cavalcanti Maranhão, e também foram diplomados o senador eleito Efraim Filho, do União Brasil, deputados federais, deputados estaduais e respectivos suplentes.
Na sua fala, o governador destacou que a harmonia institucional é essencial para o desenvolvimento do Estado, daí ter proposto o “pacto de governança”, com a participação, também, das igrejas e de outros segmentos representativos da sociedade. João afirmou que buscará reforçar ações conjuntas com governadores do Nordeste e com o presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve o apoio nos dois turnos da eleição presidencial. A respeito de Lula, enfatizou: “Teremos um presidente amigo, parceiro, que conhece a dor e a dificuldade que nós, nordestinos, enfrentamos”. O chefe do Executivo, que parabenizou o trabalho da Justiça Eleitoral na condução do pleito deste ano e se referiu ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, como “guardião da lei”, deixou claro que considera não haver mais vencedores nem vencidos e prometeu ampliar programas sociais que vinham sendo implementados até agora. A linha do seu discurso refletiu o clima predominante no Estado, onde não houve contestação ao resultado que lhe deu a vitória sobre o candidato Pedro Cunha Lima, do PSDB.
João Azevêdo rememorou a difícil jornada que o conduziu, pela vontade popular, ao Palácio da Redenção, numa segunda oportunidade, pontuando as “circunstâncias adversas”, mas, também, as “horas reveladoras”, que possibilitaram a superação de limitações pessoais e de fatores externos. Num resumo da ópera, exclamou: “Tivemos dúvidas, acertamos rumos, erramos trilhas, corrigimos rotas”. Um fato significativo assinalado no discurso pelo governador foi o de que ele e os demais líderes chegaram ao momento solene de ontem “pela longa e edificante estrada da democracia, onde cada qual seguiu seu roteiro e traçou o próprio atalho”. Nesse sentido, acrescentou: “Fomos eleitos, inexoravelmente, por decisão soberana da maioria do povo paraibano, tornando-nos seus legítimos e entrelaçados representantes. Esta é a liga que nos une ao mesmo caminho”. Na definição de aliados mais próximos, o tom foi conciliador, já prospectando as perspectivas para o segundo mandato, que, em tese, pode ser mais auspicioso após a dura travessia dos primeiros quatro anos.
Chamou a atenção a reiteração, por parte do governador João Azevêdo, da profissão de fé no regime democrático, que sofreu ameaças intermitentes durante todo o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva em acirrada e memorável epopeia. “Somos constitucionalistas. Este é o regramento. Foi isso que ressoou das vozes roucas das ruas, que teimariam em auscultar o futuro entre frestas de luzes e crateras de trevas. Entre mitos de barro e ritos cidadãos. Foi o olhar da população, cansada das infindáveis tormentas, que conseguiria enxergar a rota mais segura, usando apenas as estrelas como bússola e a alma como mapa”. E mais: “Somos sobreviventes de uma fase sombria do planeta. Choremos e e reverenciemos nossos entes perdidos, mas busquemos, ao mesmo tempo, estruturar antídotos que assegurem não precisarmos mais passar por aquilo de novo”. Na síntese das palavras, a simbiose entre a tragédia da pandemia de Covid-19 e o autoritarismo latente no Brasil de Bolsonaro avultou para a opinião pública como retratos de uma época tumultuada, de uma conjuntura desafiadora.
O olhar para o futuro ficou evidenciado nas palavras finais do governador João Azevêdo, em tom de compromisso. “O Estado deve estar aonde a população bradar ou acenar. A partidarização de flagelos – cremos nisso – está definitivamente banida da Paraíba. Definitivamente, tendo como base o espectro federativo, somos um Estado com 223 municípios, plenos em seus direitos, diferentes em suas necessidades. A distribuição das riquezas geradas pelo Estado tem que chegar até essa população sem interrupções, melhorando a qualidade de vida e evitando a migração socialmente desagregadora. É essa distribuição proporcional, equilibrada, que garante o desenvolvimento coletivo”. Por fim, João Azevêdo exortou: “Precisamos atuar com inteligência emocional para contornar os impactos da pandemia e da crise e seus reflexos em todos os setores, principalmente na saúde, na educação, no emprego e na produção, no campo e na cidade”. Falou com a legitimidade de quem foi reeleito – e a autoridade de quem, a partir de agora, passará a presidir o Consórcio Nordeste, instrumento poderoso de defesa dos interesses dos Estados que compõem a região do semiárido