Nonato Guedes
O deputado Branco Mendes, do Republicanos, afirmou que não acredita numa reviravolta no processo de eleição da Mesa da Assembleia Legislativa para o primeiro biênio a ser instalado a partir de fevereiro de 2023. Frisou ter confiança em que seja mantido o acordo de bastidores pelo qual ele possa ser o candidato da legenda para aquele período. A iminência de uma virada de Mesa foi admitida após aprovação de uma PEC na Casa de Epitácio Pessoa, teoricamente regulamentando o processo de eleição ao comando legislativo, mas supostamente abrindo brecha para nova ascensão de Adriano Galdino, atual presidente, que tem alegado estar apenas adaptando o regimento interno a um texto de ambiência federal. Apurou-se que Galdino tem sido incentivado por outros colegas a permanecer à frente do colegiado, com possibilidade de vir a usufruir oito anos de comando.
O Republicanos, através do seu presidente estadual, o deputado federal Hugo Motta, tem deixado claro que ambiciona dirigir o Poder Legislativo pelos dois biênios futuros, como parte de um entendimento político firmado na recente campanha eleitoral e do qual teria pleno conhecimento o governador João Azevêdo (PSB), que foi reeleito. Mediante esse entendimento, o partido teria aberto mão de participar da chapa majoritária encabeçada por João Azevêdo, não indicando, por exemplo, nomes para a vice-governança nem para o Senado. Em contrapartida, reivindicou a primazia no comando da Assembleia Legislativa, dentro da expectativa de ser sócio da governabilidade enfeixada por João Azevêdo, além de ter espaço para participar da composição do segundo governo do socialista, indicando nomes para secretarias importantes.
Em plena ebulição eleitoral, com o desenrolar da campanha ao governo do Estado em clima de acirramento, o nome do deputado Adriano Galdino chegou a ser cogitado para ser vice de João, mas ele e o Republicanos não fizeram cavalo de batalha dessa pretensão, de tal forma que o espaço foi aberto para a indicação do vice-prefeito de Campina Grande, Lucas Ribeiro, do Progressistas, filho da senadora Daniella Ribeiro, do PSD. Com relação ao Senado, a vaga de candidato foi oferecida tanto ao Republicanos quanto ao PP – e, no âmbito deste último, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro ainda se movimentou para viabilizar uma candidatura, mas acabou declinando e preferindo candidatar-se à reeleição à Câmara dos Deputados. A vaga da candidatura ao Senado acabou ficando com a deputada estadual Pollyanna Dutra, do PSB, que foi lançada faltando 45 dias para o pleito e, mesmo assim, alcançou uma votação expressiva, tendo ficado em segundo lugar no contexto final.
O Republicanos, numa estratégia que chegou a confundir setores políticos do Estado, manteve o compromisso de apoio à candidatura do governador João Azevêdo à reeleição sem, entretanto, romper o pacto de apoio à candidatura do deputado federal Efraim Filho, do União Brasil, ao Senado. Efraim foi o vitorioso, derrotando Pollyanna e o também ex-governador Ricardo Coutinho, que insistiu em manter sua candidatura no Partido dos Trabalhadores a despeito do noticiário sobre inelegibilidade, que se esgotou dois dias após a realização do pleito. João Azevêdo conseguiu ser vitorioso no segundo turno, dando combate ao deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB, que teve o apoio do senador Veneziano Vital do Rêgo, do MDB, ex-candidato ao Palácio da Redenção no primeiro turno. Ainda chegaram a ser feitas gestões junto a expoentes do Republicanos para que rompessem a palavra de apoio dada ao deputado Efraim Filho, mas o presidente da legenda, Hugo Motta, não cedeu às articulações ensaiadas e dividiu-se entre as candidaturas ao governo e a senador já definidas internamente.
O deputado estadual Branco Mendes tem invocado a sua experiência parlamentar para ser o candidato legítimo ao futuro biênio da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado e, nesse sentido, caiu em campo para angariar apoios e solidificar apoios dentro do próprio Republicanos, onde divide metro quadrado com o presidente atual Adriano Galdino. Nas últimas horas, o deputado Eduardo Carneiro, do Solidariedade, que havia se lançado em faixa própria na expectativa de ser alternativa em caso de impasse na base aliada de apoio ao governador João Azevêdo, retirou de pauta a sua postulação e hipotecou apoio a Adriano Galdino na hipótese deste ter condições de pleitear reeleição consecutiva. Na opinião de Branco Mendes, “o presidente Adriano Galdino é leal e, por isso, acredito que está mantido o acordo em torno da minha candidatura no primeiro biênio”. Com um orçamento estimado em R$ 350 milhões, a Assembleia Legislativa é um Poder cobiçado na estrutura administrativa da Paraíba. De sua parte, o governador João Azevêdo tem evitado interferência, embora não esconda, naturalmente, o desejo de que a base aliada entre em consenso e saia fortalecida do desfecho da eleição.