Nonato Guedes
A indicação, para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de governadores nordestinos que estão concluindo mandatos ou que se elegeram, inclusive, a mandatos no Congresso, mas estão sendo requisitados para a equipe de gestão federal, favorecerá os passos do governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), no segundo período que vai empalmar a partir de 2023. Tais gestores mantiveram relação estreita com Azevêdo, que se elegeu em 2018 e foi reeleito em segundo turno este ano. Eles dividiram pautas e interesses comuns à região, respeitadas as peculiaridades de cada Estado, e se concentraram no âmbito do “Consórcio Nordeste”, que viabilizou políticas públicas próprias e que a partir do exercício vindouro passará a ser presidido por João, dentro do sistema de rodízio que rege o seu funcionamento. Azevêdo já havia dito que a parceria com Lula compensará a região da discriminação odiosa imposta pelo governo de Jair Bolsonaro
Figuras como Paulo Câmara, de Pernambuco, Flávio Dino, do Maranhão, Camilo Santana, do Ceará, Rui Costa, da Bahia, Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, .destacaram-se na articulação de que participou, também, o governador paraibano, e conseguiram manter níveis excelentes de entrosamento, pouco importando as siglas a que estavam filiados, como PT, PSB ou PCdoB – conquanto ressalvada a afinidade ideológica que nutriram no campo da esquerda. Esses governantes, em certa medida, terão sido responsáveis por infligir forte desgaste à imagem do governo Bolsonaro no Nordeste, de tal sorte que o território do semiárido tornou-se o grande celeiro de votos do candidato e líder Luiz Inácio Lula da Silva, tanto no primeiro quanto no segundo turno da eleição presidencial. A orquestração desenvolvida e os resultados obtidos levaram Lula a se considerar credor da região, o que reforçou, inegavelmente, os seus compromissos com obras e investimentos no Nordeste.
Se a Paraíba não tiver força política para emplacar um ministério importante no governo de Lula, nem por isso ficará alijada do mapa do futuro governo, porque empenho não faltará, tanto da parte do governador João Azevêdo como de adversários que também eram aliados de Lula na disputa, a exemplo do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e do ex-governador Ricardo Coutinho (PT). A administração de João Azevêdo está se preparando, inclusive, para indicar um projeto de grande alcance, de caráter estruturante, que possa ser deflagrado no Estado com o pleno respaldo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme pacto firmado por este. Na sequência, a previsão é de que portas de ministérios estejam abertas para o exame de reivindicações, quebrando-se o jejum imposto na Era Bolsonaro, que está se despedindo melancolicamente e que chegou a ser preconceituosa contra a região.
Em relação ao PSB, do ponto de vista estratégico, o “Congresso em Foco” informou que o partido do vice-presidente Geraldo Alckmin quer ampliar seus espaços de poder em posições estratégicas na região Nordeste no terceiro mandato de Lula da Silva. A sigla disputa o comando de empresas e autarquias como a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), a Conab, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), além do Banco do Nordeste do Brasil. Essas empresas têm forte capital político na região, ao tratar de temas que vão desde o abastecimento de água até o financiamento de grandes e médios empreendimentos. Para esses espaços, está sendo colocado à disposição o nome do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), que deixa o cargo no final deste ano. “Ele pode ser aproveitado como técnico competente, compondo em espaços regionais, nesses órgãos estratégicos do governo no Nordeste. Lula vai precisar de quadros com o perfil técnico dele”, afirmou um expoente da direção nacional do PSB ao “Congresso em Foco”, avaliando a formatação da nova equipe administrativa.
O PSB, por sua vez, entende que ganhou força com o vice Geraldo Alckmin, que foi convertido, também, no comandante do processo de transição e em figura da estreita confiança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O que se diz é que os espaços conquistados com Márcio França (Portos e Aeroportos), Flávio Dino (Justiça), Tadeu Alencar (Secretário Nacional de Segurança Pública) e o próprio Geraldo Alckmin (que acumulará a vice com o ministério da Indústria e Comércio) contemplam todas as forças internas do PSB, sem gerar atritos internos. O tamanho que o PSB está tendo em termos de ministério, no governo Lula, talvez seja o maior em tamanho que o partido já teve. É maior do que com Lula (nos dois governos anteriores) e com Dilma Rousseff, segundo os próprios socialistas. Nesse contexto, o governador da Paraíba, João Azevêdo, segue confiante em que o Estado será bem contemplado na próxima gestão federal a ser instalada.