Depois de cinco anos sepultado no mausoléu dos arcebispos na Catedral Basílica Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa, os restos mortais de Dom Marcelo Pinto Carvalheira, quinto arcebispo da Paraíba (1995-2004), foram transladados, ontem, para a Catedral de Nossa Senhora da Luz, em Guarabira, onde atuou como o primeiro bispo, entre 1981 e 1985. Anteriormente, ele havia sido bispo-auxiliar da Arquidiocese da Paraíba, atuando na região polarizada por aquela cidade do Brejo paraibano. Antes do translado, na manhã de ontem, foi celebrada uma missa na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, presidida pelo arcebispo Dom Manoel Delson e concelebrada por Dom Aldemiro Sena dos Santos, bispo de Guarabira.
Os restos mortais chegaram em Guarabira no período da tarde, quando houve festejo pelas principais ruas da cidade. Hoje pela manhã, acontece uma missa em sufrágio da alma de Dom Marcelo e, após a celebração, o sepultamento na Catedral da Luz. Dom Marcelo Carvalheira foi atuar na região de Guarabira no ano de 1975 como bispo-auxiliar de Dom José Maria Pires. Em 1980, a área foi transformada em diocese. De acordo com a Arquidiocese da Paraíba, além de líder religioso, Dom Marcelo teve papel político e social. Seguidor de Dom Hélder Câmara, na região, ele incentivou a conscientização política e social, apoiando grupos de trabalho como Comunidades Eclesiais de Base, Comissão Pastoral da Terra, entre outros.
Dom Marcelo, que faleceu em 2017, no Recife, tinha como lema a palavra “Evangelizar”, escolhida quando ele foi ordenado padre no dia 28 de fevereiro de 1953, em Roma, que passou a ser o ponto central de toda a sua vida de pastor. Era natural do Recife, onde nasceu no dia primeiro de maio de 1928. Foi vítima de prisão e repressão do regime militar instaurado em 1964. O diácono José Nunes, referindo-se à sua atuação na Paraíba, disse que sua chegada e permanência em Guarabira constituíram passo decisivo para elevar a conscientização política e social da população da região. “Costumava dizer que, ao chegar à Paraíba, encontrou o povo crucificado e era forte a presença da “civilização da pobreza”. Por quase trinta anos como bispo nas terras da Paraíba abriu largos horizontes para acolher quem se aproximasse dele, buscou consolo, ergueu os caídos, incentivou a fé com a Palavra de Jesus onde tudo desmoronava e acalmou o ódio entre famílias”. Dom Marcelo Carvalheira foi vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por dois períodos consecutivos. Participou das Conferências Episcopais que a Igreja realizou em Puebla, São Domingos e Medellin.