Nonato Guedes
Há uma particularidade que avulta no segundo governo do socialista João Azevêdo, empossado no primeiro dia do ano de 2023 na Paraíba: diferentemente de 2018, quando sofreu forte influência do antecessor Ricardo Coutinho, João passa a pilotar sua própria gestão, assim entendido o contexto da marca pessoal que ele já está imprimindo, quer na execução de obras e serviços, quer no estilo pessoal e intransferível ou, ainda, na conjuntura nacional que, desta feita, lhe é francamente favorável, dada a sua ligação com o novo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ainda no primeiro governo, quando se deu o rompimento entre Ricardo e João, a autonomia do chefe do Executivo reeleito passou a ser sentida, inclusive, em medidas corajosas que ele tomou, como o descredenciamento de organizações sociais que pactuavam a administração de hospitais da rede pública com o Estado e que foram pilhadas em escândalo de desvio de verbas, conforme indicado pela Operação Calvário.
À medida que avançava o distanciamento entre o governador atual e o ex-governador Ricardo Coutinho, no primeiro mandato, mais nítidas se tornavam as digitais de João Azevêdo na forma de administrar, que foi aprovada pela maioria do eleitorado na disputa em segundo turno a que ele se submeteu e da qual emergiu triunfante. Na crônica política dizia-se que Ricardo agia como se tivesse “emprestado” o governo a Azevêdo, embora este já tivesse obtido um formidável crédito de confiança, sagrado na primeira rodada em que estreou politicamente. Vieram os percalços, a pandemia de covid-19, a tensa relação com o governo de Jair Bolsonaro e incidentes políticos locais que, de alguma forma, desviaram a atenção do gestor das prioridades e urgências em que havia decidido se concentrar. O resultado administrativo, se não chegou a ser espetacular diante das injunções, coroou o seu esforço, bem como o de integrantes da sua equipe, para alcançar um desideratum mais promissor.
Equacionados os quiproquós políticos, João Azevêdo entregou-se ao desafio não só de tocar o barco com as limitações impostas mas também de valer-se da habilidade necessária para garantir a chamada governabilidade junto à classe política. A reconfiguração do cenário nacional injetou ânimo novo em Azevêdo, ante a perspectiva de volta ao poder do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que foi confirmado, com prevalência esmagadora de votos do eleitorado em Estados do Nordeste. A sua expectativa natural é de que, a partir de agora, possa usufruir dividendos em benefício do desenvolvimento da Paraíba, com o qual se anunciou comprometido desde seu ingresso na atividade política. O desafio, conforme ele admitiu no discurso de posse, é fazer com que as políticas públicas alcancem, cada vez mais, os que mais precisam de atenção do poder público. O placar das urnas atestou, inclusive, uma forte conotação municipalista no desenho do segundo governo de João Azevêdo, e ele está atento para atender demandas imperiosas de diferentes regiões, algumas discriminadas em outros governos locais.
Ressalte-se o tom conciliador que foi empregado pelo governador João Azevêdo no discurso de recondução ao Executivo da Paraíba, numa espécie de chamamento a forças políticas adversárias que estejam sinceramente interessadas em cooperar para fazer a Paraíba avançar, no confronto salutar com outros Estados da Região Nordeste, também ávidos por progresso e bem-estar. João foi enfático quando declarou: “Governo com contas equilibradas e gestão fiscal eficiente pode planejar, contratar e pagar em dia a servidores e fornecedores, fazendo a economia girar e elevando o ambiente positivo de negócios, atraindo empresas e investimentos, que geram novos empregos, ativando a cadeia produtiva, tributária e social”. Esses são pontos, por assim dizer, da sua carta de navegação no segundo mandato que está empalmando, dentro da lógica acertada de que “recursos gerados pelo esforço público precisam voltar a esse mesmo público, com esforço e zelo das autoridades constituídas e da sociedade organizada”.
A confiança do governador João Azevêdo no êxito das iniciativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está espelhada nesta revelação: “Sob a liderança sagaz e humana do presidente Lula, ombreado pela experiência e zelo de Geraldo Alckmin, o Brasil estará retomando sua trajetória federativa, não tenho dúvida disso”. Compensado pelas novas alianças políticas firmadas na Paraíba, João Azevêdo tende a imprimir maior dinamismo à administração de agora em diante, segundo todos os prognósticos, feitos “em off” até pelos que o combatem. É a hora do deslanche, assim esperam todos os paraibanos e todas as paraibanas, que torcem pelo crescimento deste Estado e da sua gente.