Nonato Guedes
O atual presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino, do Republicanos, vive situação de céu de brigadeiro para ser reconduzido para os próximos dois biênios da Casa de Epitácio Pessoa, com isto batendo recorde de longevidade no comando do Poder, podendo vir a completar uma década de permanência à frente da ALPB, o equivalente a pouco mais de dois mandatos consecutivos de governador ou mesmo de parlamentar. Não há antecedentes de casos dessa natureza no histórico do Legislativo do Estado, embora tenham ocorrido situações em que deputados se investiram na presidência em períodos distintos, não propriamente continuados, como se dá, agora, em relação ao deputado Adriano Galdino.
A façanha que está prestes a ser concretizada decorre do esforço de articulação política de parlamentares que são adeptos do estilo de gestão de Adriano, com pulso para manter a autonomia da Assembleia sem prejudicar a governabilidade do Estado, um “case” de equilíbrio que poucos dirigentes da ALPB conseguiram apresentar quando alçados ao seu comando. Adriano destaca-se, ainda, por levar à frente uma administração colegiada. Embora o “regime” da Assembleia seja considerado ‘presidencialista’, o líder maior da Casa prestigia deputados nos cargos que exercem dentro da Mesa ou em comissões temáticas e estratégicas que garantem o funcionamento da instituição. Galdino tem operado, igualmente, no sentido de democratizar as relações com a sociedade, abrindo portas para reuniões e debates com categorias sobre pautas variadas que estão no radar desses segmentos na conjuntura presente.
Como responsável pela agenda dos trabalhos da Assembleia Legislativa, o presidente Adriano Galdino manteve-se atento, até agora, nos períodos em que tem comandado a ALPB, às reivindicações mais urgentes que valorizem o papel dos próprios integrantes do Poder. Tomou posições firmes em pleno governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) quando este tentou menosprezar governadores de Estados, principalmente os da região Nordeste, e endossou, em fóruns nacionais, os pleitos e demandas de interesse específico da Paraíba, demonstrando seu grau de compromisso com a representação política que exerce e que foi significativamente ampliada, em percentual de votos, na campanha eleitoral de 2022. O perfil executivo de Adriano possibilitou que a Assembleia da Paraíba se destacasse no “ranking” nacional em número de projetos e matérias de interesse público que tiveram aprovação em plena pandemia de covid-19.
Ele tem se articulado, além do demais, no âmbito da Unale – União Nacional dos Legislativos, para reforçar as bandeiras que têm sido propostas com vistas ao fortalecimento das Assembleias, mediante o asseguramento de prerrogativas que fazem parte do texto da Constituição e que dialogam diretamente com o moderno papel das Casas Legislativas Estaduais. Adriano Galdino não tem sido indiferente, também, a temas como o pacto federativo, por entender que essa pauta já foi agitada o suficiente para ser implementada em termos concretos, desafogando Estados de responsabilidades que não levam em conta as suas reais dificuldades. O presidente da Casa de Epitácio Pessoa abriu o plenário para discussões de temas nacionais inerentes às grandes reformas que a sociedade reivindica, a exemplo da reforma tributária. É indiscutivelmente otimista com o terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por nele identificar sensibilidade social e, de forma particular, identidade com as demandas do Nordeste.
No que diz respeito ao processo de sua permanência à frente do comando da Assembleia Legislativa da Paraíba, o deputado Adriano Galdino tem sido beneficiado por uma dupla condição: a legislação favorável à sua recondução a mandatos diretivos e o crédito de confiança irrestrito que goza junto à maioria dos colegas parlamentares, exatamente pela autoridade com que se porta e, em paralelo, com o caráter democrático que busca imprimir às decisões do Legislativo Paraibano. Ele estava, originalmente, cotado para abreviar agora sua passagem pelo poder e retomá-lo lá na frente, no segundo biênio. Entretanto, decisão do Supremo Tribunal Federal mudou entendimento preexistente sobre períodos de comando dos Legislativos Estaduais, o que favoreceu a perspectiva de Adriano vir a empalmar os dois futuros biênios, o primeiro deles a se instalar no início de fevereiro. O atual presidente encaminha-se para a unanimidade dos apoios nas eleições internas que irão se processar antecipadamente em conjunto na Assembleia da Paraíba, e encara o crédito de confiança que é ostensivo da parte dos deputados como uma responsabilidade redobrada para levar a Assembleia a continuar trilhando posição de destaque no cenário estadual dos Poderes e no contexto dos órgãos congêneres de Estados da região Nordeste.