Nonato Guedes
O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), também eleito presidente do Consórcio Nordeste, e o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), vice-presidente do Senado Federal, tornaram-se “protagonistas”, nas últimas horas, de eventos destinados a produzir soluções para a crise institucional grave enfrentada no país depois dos atentados terroristas de domingo, praticados por militantes bolsonaristas, contra Três Poderes em Brasília – o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. Os atos extremistas tiveram repúdio internacional e, dentro do Brasil, o condão de aglutinar as forças democráticas, na classe política e na sociedade, para deter a escalada golpista que continuou a ser alimentada, de fora, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas.
Tanto João Azevêdo como Veneziano deploraram, desde o primeiro momento, os atos extremistas que destruiram sedes dos Poderes, materiais e peças relevantes do patrimônio histórico-cultural brasileiro. Os dois foram aliados políticos no passado, desentenderam-se na campanha eleitoral de 2022 e confrontaram-se, mesmo, na disputa pelo governo da Paraíba, com Azevêdo sendo reeleito por maioria de votos. Ambos, entretanto, atuaram como aliados do então candidato a presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Veneziano recebendo apoio no primeiro turno, João sendo bafejado no segundo turno. E promoveram o alinhamento com o presidente Lula ressaltando, além das suas prioridades para o país, o compromisso com o asseguramento da plenitude democrática, que ficou turvado na gestão de Jair Bolsonaro por causa das posturas autoritárias que este adotou em variadas oportunidades.
O governador estava agendado para participar no dia 27 de uma primeira reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demais chefes de Executivo, para a indicação de obras estruturantes nos Estados e discussão de problemáticas regionais. Essa pauta, todavia, teve que ser adiada diante da premenência de medidas fortes para conter a baderna institucionalizada que tem sido pilotada por órfãos do bolsonarismo derrotado, regiamente financiados por empresários que se locupletaram dos recursos públicos na gestão anterior. A crise de agora entrou no radar como prioridade absoluta, e os próprios governadores de Estados foram conclamados pelo presidente Lula da Silva a adotar providências no âmbito de suas unidades para manter a paz e evitar que se ampliasse a escalada dos atos terroristas de conotação eminentemente golpista.
O senador Veneziano Vital do Rêgo, por sua vez, foi signatário de nota assinada por outros chefes de Poderes, inclusive o presidente Lula, e divulgada ontem, fortalecendo o compromisso com a democracia e, em paralelo, destacando a vigilância dos Poderes e das instituições para que não haja consequências perigosas para o funcionamento das instituições. O próprio presidente Lula deu o tom maior ao falar que a normalidade não pode ser prejudicada, de forma alguma, por grupos e facções minoritárias de extrema-direita que estão interessadas em convulsionar o país e impedir o governo eleito legitimamente nas urnas de fazer valer as reformas com que assumiu compromisso no palanque. Um aspecto didático da crise generalizada que bolsonaristas desejam espalhar é o de conscientizar a esmagadora maioria da sociedade brasileira de que precisa reagir com firmeza, para não se tornar refém ou caudatária de interesses subalternos dos golpistas escorraçados pelo voto popular. Veneziano estava, então, no exercício da presidência do Senado, e fez-se enfático na reafirmação dos princípios conjuntos.
Não há como negar que o País ainda está traumatizado com os acontecimentos marcados por violência incontrolável que explodiram no Distrito Federal em pleno domingo, na primeira semana de investidura do novo governo que teve a confiança popular para levar a cabo a árdua tarefa de reconstrução nacional, diante do desmonte a que a Era Bolsonaro submeteu setores como Saúde, Transportes, Educação, Ciência e Tecnologia e outros segmentos estratégicos para o funcionamento normal da sociedade brasileira. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que dava sinais de ainda estar se assenhoreando do inventário da herança maldita legada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e pelos seus fanáticos auxiliares, está sendo desafiado a ser mais rápido na tomada de decisões, especialmente no combate implacável ao terrorismo, missão da qual não pode ser eximido o Congresso Nacional, pela atipicidade que cerca a conjuntura presente e pela responsabilidade que envolve a todos os que, sinceramente, defendem a democracia e as instituições. A Paraíba, através de João, Veneziano e outros líderes de expressão, faz sua parte no equacionamento do contencioso nacional à vista.