O senador paraibano Veneziano Vital do Rêgo (MDB), vice-presidente do Senado, que estava no exercício da presidência da Casa quando foi informado da ocorrência de atos terroristas por parte de apoiadores bolsonaristas em Brasília, declarou em entrevista à revista “Istoé” que a seu ver houve negligência por parte do governador Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, em relação aos atos de depredação das sedes do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal no último domingo. “Houve negligência, sim, não há outra constatação possível que não essa, diante das evidências colhidas”, assinalou Veneziano. Ibaneis Rocha foi afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal por 90 dias.
Na entrevista, Veneziano relatou bastidores dos fatos violentos verificados em Brasília e lembrou que se encontrava em João Pessoa, na tradicional visita às bases, quando recebeu um telefonema do chefe da Polícia Legislativa expondo suas razões sobre iminentes riscos decorrentes das manifestações em Brasília que poderiam desaguar em depredações ou na invasão do Congresso e sedes de outros Poderes. O chefe da Polícia Legislativa pediu que Veneziano tentasse comunicar-se com o governador do Distrito Federal para pedir reforço, diante de um número considerável de manifestantes. Até então, levava-se em conta o deslocamento de mais de uma centena de ônibus, contabilizados e estacionados no Distrito Federal.
O senador paraibano narrou que não conseguiu contato com o governador Ibaneis Rocha. Ligou, então, para o secretário da Casa Civil, que lhe atendeu muito bem e, categoricamente, garantiu que o cenário estava sob controle porque as devidas precauções haviam sido adotadas pelas forças locais de segurança. Ele chegou a mencionar que seriam manifestações não numerosas, citando 400 pessoas. Listou, como medidas, o bloqueio de acesso dos manifestantes às três sedes do Poder. Veneziano disse que reiterou as preocupações da Polícia Legislativa e pontuou a presença de mais de 100 ônibus, o que poderia significar mais de quatro mil pessoas. Após esse contato, repassou informações para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e falou à Polícia Legislativa que ficasse tranquila porque havia a garantia do GDF de que nada aconteceria. “Quatro horas depois, fomos todos surpreendidos, infelizmente”, concluiu Veneziano.