Nonato Guedes
Dois pontos já foram externados pelo governador João Azevêdo (PSB) em relação à sua segunda gestão e ao comando da Assembleia Legislativa do Estado: não haverá grandes mudanças na equipe do secretariado e, mesmo sem interferência em outro Poder, o chefe do Executivo apoia a recondução do deputado estadual Adriano Galdino (Republicanos) à presidência da Assembleia Legislativa, inclusive, para os próximos dois biênios. No primeiro caso, o governador entende que pilota uma gestão de continuidade, aprovada nas urnas em dois turnos das eleições do ano passado, o que restringe a imposição de maiores ajustes. E, no segundo caso, avalia que a relação mantida por Galdino à frente da ALPB garante a estabilidade administrativa, não devendo o governo dispersar energias com disputas políticas menores.
O secretariado do segundo governo de João Azevêdo tem sido anunciado a conta-gotas, em vazamentos informais do próprio chefe do Executivo no contato com a imprensa ou durante eventos públicos. Foi no anúncio da implantação do chamado Arco Metropolitano que o gestor socialista deixou escapar a notícia da permanência de Deusdete Queiroga na secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos, justificando que o trabalho por ele desenvolvido vem correspondendo às expectativas. Haverá mudança, apenas, na nomenclatura da Pasta, que já foi tida como super-secretaria, exercida pelo próprio João no período de Ricardo Coutinho, e que perderá o segmento do Meio Ambiente, para se afinar com o planejamento nacional imprimido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao seu ministério. Em declarações que remontam ao final do ano passado, Azevêdo havia manifestado o interesse em ter sintonia com a estrutura do governo Lula, dadas as facilidades de diálogo que agora se abrem para o Executivo paraibano.
Além de Deusdete Queiroga está definida a permanência de Marialvo Laureano na secretaria de Receita do Estado, de Fábio Andrade na Procuradoria Geral do Estado e confirmado o nome do médico Jhony Bezerra para ocupar a Saúde, Pasta que no exercício anterior foi comandada por Geraldo Medeiros, que teve de se desincompatibilizar para poder concorrer a um mandato de deputado federal, tendo ficado na condição de suplente. Medeiros continua prestigiado no “staff” do governador João Azevêdo, com atuação ainda centrada na área da Saúde, como reconhecimento à sua competência, que foi testada na fase mais crítica de enfrentamento à pandemia de covid-19 no Estado, quando as informações científicas eram escassas e o governo do então presidente Jair Bolsonaro assumiu postura claramente negacionista, além de ter discriminado Estados da região Nordeste em virtude do oposicionismo frontal assumido pelos gestores da região.
Sobre o processo de eleição das futuras Mesas da Assembleia Legislativa do Estado, o governador João Azevêdo tem seus próprios e justificados motivos para não tentar fomentar solução que contrarie o projeto continuísta do presidente Adriano Galdino no comando da Casa de Epitácio Pessoa. Além do desejo expresso pela vontade da maioria dos parlamentares em continuar sendo liderada pelo presidente atual, Galdino tem tido papel de correção para com o Executivo, contribuindo de forma decisiva com a governabilidade empalmada pelo socialista mediante agilização na tramitação de matérias de especial interesse do governo e consequente aprovação dos projetos e mensagens que requerem urgência. Há versões, também, sobre compromisso que teria sido firmado pelo governador paraibano com o Republicanos para que este comandasse o Poder Legislativo Estadual, depois de ter declinado da indicação de nomes para compor a chapa majoritária encabeçada por João Azevêdo no pleito de 2022, não reivindicando espaços ao Senado ou à vice-governança.
O governador tem acompanhado à certa distância o desenrolar do processo eleitoral na Assembleia, marcado por ambições e pretensões legítimas de outros deputados quanto à ocupação de cargos naquele Poder, mas tem se resguardado de ingerência, em respeito à tendência pró-Adriano Galdino e como retribuição à colaboração oferecida por este à governabilidade em momentos que foram extremamente delicados para a atual administração. Numa fala aos jornalistas, quando do anúncio da execução do projeto do Arco Metropolitano, prometido na campanha eleitoral, o governador João Azevêdo foi explícito: “A relação republicana entre Poder Legislativo e Poder Executivo vai permanecer nos próximos quatro anos, e que essa estabilidade nos permita focar em ações como esta, não se gastar energia com pequenas disputas, com processos que verdadeiramente não sejam de interesse da população. Essa estabilidade é dada pela Assembleia e pelo seu presidente Adriano Galdino”.
No Republicanos, dois deputados (Branco Mendes e Wilson Filho) já desistiram de concorrer ao comando da ALPB para apoiar Adriano, e outros pretendentes da “base aliada” se retraíram de qualquer confronto ou enfrentamento com Adriano.São esses cenários que tranquilizam o governador quanto a perspectivas promissoras no segundo mandato à frente dos destinos da Paraíba.