Nonato Guedes
O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), preferiu não polemizar com o deputado federal Gervásio Maia, presidente do PSB no Estado que admitiu a possibilidade da legenda ter candidato próprio à prefeitura da Capital em 2024 ao invés de fechar com a reeleição do atual administrador. Cícero, em declarações a repórteres, revelou que continua focado em ações administrativas de impacto para a população da Capital e que, nesse sentido, considera que se mantém exitosa a parceria com a administração do governador João Azevêdo (PSB). Salientou esperar contar, também, com o apoio por parte do chefe do Executivo ao seu projeto de candidatura à reeleição a prefeito no próximo ano.Nos últimos dias, em plena ebulição causada pelo anúncio de nomes da equipe do segundo governo de João, Cícero tem participado de eventos que resultam em investimentos em João Pessoa.
Conforme interlocutores do prefeito, Cícero confia na palavra do governador João Azevêdo em entrevistas que concedeu no final do ano passado, quando foi indagado sobre alternativas para as eleições de 2024 na Capital e prontamente colocou em primeiro plano o nome do prefeito Cícero Lucena, aludindo ao entrosamento que tem se verificado na relação institucional entre eles, em benefício da população pessoense. Lá atrás, segundo se sabe nos bastidores, João Azevêdo teve papel importante para que Lucena voltasse ao cenário político paraibano e em alto estilo, concorrendo com seu apoio à sucessão municipal num reduto que parecia cativo do ex-governador Ricardo Coutinho (PT). Na campanha do ano passado, para a reeleição de João, o desempenho eleitoral do governador no maior colégio do Estado ficou aquém das expectativas, bem como na chamada Grande João Pessoa. Mas o resultado não parece ter afetado a relação entre o governador e o prefeito, que se mantém no nível de afinidade preexistente.
Cícero tem a expectativa, inclusive, de vir a ser bafejado colateralmente por programas e ações do governo federal, na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a inclusão de João Pessoa no rol das Capitais nordestinas beneficiadas. Além da ligação do governador João Azevêdo com o presidente, que apoiou a reeleição do socialista no segundo turno, o próprio Lucena tem canal de interlocução com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que foi seu colega de partido, no PSDB, ao tempo em que Alckmin foi governador de São Paulo e até mesmo candidato a presidente da República. Mas, independente de laços políticos-partidários, que geralmente acabam sendo efêmeros, proporcionais ao rodízio do poder, o prefeito confia em que o governo federal não penalizará a Capital paraibana na atual gestão.
Além da insinuação do deputado Gervásio Maia sobre provável candidatura própria do PSB a prefeito de João Pessoa, como parte de alegada estratégia de fortalecimento da legenda, cogita-se nos meios políticos uma provável candidatura própria do PT ao mesmo cargo, oferecendo-se para tal desideratum o deputado estadual recém-eleito Luciano Cartaxo, adversário de Cícero e que foi prefeito por dois mandatos consecutivos, não logrando, porém, eleger a sucessora, na disputa em que Lucena triunfou no segundo turno contra Nilvan Ferreira. Cartaxo é encarado como futuro integrante da base de apoio ao governo de João Azevêdo na Assembleia Legislativa, quando for deflagrada a nova legislatura em fevereiro. Mas analistas políticos observam que isso não o credencia a ser o candidato oficial da base de Azevêdo à prefeitura, podendo figurar, no primeiro turno, como um dos candidatos da base, já que se trabalha com possibilidade de mais opções dentro do esquema.
Independente de projetos de poder de outros partidos, o prefeito Cícero Lucena considera que tem grandes desafios a enfrentar, na execução de metas que já foram anunciadas em parceria com o governo do Estado, possibilitando, de certo modo, compensações para a Capital, que foi penalizada com as consequências da pandemia de covid-19. Os primeiros anos da gestão de Cícero Lucena foram reconhecidamente difíceis, inclusive, pela necessidade que houve de se dar prioridade ao enfrentamento à calamidade da covid-19, mas o trabalho que foi realizado na área da Saúde Pública, especificamente sobre a pandemia, foi elogiado e considerado exemplar a nível nacional, o que é um ponto a mais a somar em favor da contabilidade política do atual prefeito. No momento, com o radar focado na pauta administrativa, Cícero dá a entender que não tem tempo para se imiscuir em debates eleitorais ou pré-eleitorais, avaliando, mesmo, que sua aliança com o governador João Azevêdo tem provocado ciumadas e manifestações desnecessárias por parte de aliados do esquema oficial. De sua parte, investirá em trabalho – e em resultados. “É isto que estou entregando diariamente à população”, resume o chefe do executivo pessoense.