O economista paraibano Maílson da Nóbrega, que foi ministro da Fazenda no governo de José Sarney, contestou declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que “é bobagem achar que o Banco Central vai fazer mais do que quando o presidente indicava”, tendo acrescentado que os juros e a inflação continuam altos mesmo com o organismo sendo independente. Ao UOL News, Maílson da Nóbrega defendeu a autonomia do Banco Central como garantia da estabilidade da economia no país.
– Bobagem é dizer que a independência do Banco Central é uma bobagem. A autonomia do BC é um princípio consagrado há cem anos ou mais. A independência do BC é uma condição necessária para a estabilidade e o crescimento da economia, para a confiança dos investidores no país e, sobretudo, para assegurar o ambiente em que operam as bases do crescimento econômico – refutou Maílson, observando que nenhum arcabouço fiscal será crível sem o controle de gastos.
O ex-ministro criticou a opinião de Lula sobre o teto de gastos, chamado de “estupidez” pelo presidente durante sua posse. Maílson considerou um “erro tremendo” do petista que contribuiu para o mau humor do mercado financeiro. “Nenhum arcabouço fiscal será crível e merecerá confiança se não contiver um elemento de controle de gastos. O teto de gastos é uma força política maior porque foi estabelecido pela Constituição. É um erro tremendo substituir o teto e o ministro Fernando Haddad sabe disso. Só que, para restabelecê-lo, o Lula precisa voltar atrás.
Sobre a situação das lojas Americanas, que encontrou um rombo na casa dos R$ 20 bilhões em seus balanços financeiros, Maílson disse que o governo pode fazer pouco. O economista alertou para os riscos de a varejista não conseguir se recuperar do golpe e fechar as portas. “O governo tem muito pouco a fazer. Esse é um território estritamente privado. Tudo indica que houve uma fraude gigantesca e é algo muito grave. Pode haver uma corrida de credores que acelera a morte dessa empresa. Se o governo se meter nisso aí, pode complicar”, advertiu Maílson.